Tevê à manivela
Coisa que já foi dita e é mais que sabido quando se trata de lista de casamento do tipo “até que a sorte os separe”, não custa nada lembrar que penetra não entra. Quanto menos “bicão”. E alto lá que eu não estou falando (?) do tão badalado enlace matrimonial londrino aí em questão, que está dando mais que na “Bolsa de Valores”, anunciado 24 horas D/N e que seria duvidoso se não fosse passado em terceira, quarta dimensão. Todo mundo quer falar. Todo mundo quer opinar. Exorcizar. Tocar até fazer doer os tímpanos. Bater na mesma tecla. Acampar em praça pública, ansioso pelo seu minuto de fama, pisar no tapete vermelho, sem sequer soltar um pum. No terreno do conto de fadas (coitadas das madrinhas!) especialistas em dia de posse de reinado é o que não faltam nessas ocasiões. Sobram, né! Pelo menos li por aí que seguir o estilo high tech é o que mais importa. Só não me perguntem que “trem” é esse, nem como se traduz, que não sei responder. Os súditos que se cubram e que se tiverem problema de reverenciar por causa da coluna, bico de papagaio, na hora do “sim”, do “talvez”, “posso pensar” – se penso, logo desisto, ainda bem que na atualidade existe o recurso do NDA (nenhuma das respostas ditas atrás, complementado pelo poder do meu mundo on line e nada mais). Enfim, só para começo de conversa todo casamento que se preze também tem que arranhar no musical. Nessa vale até do tipo DJ – além do Elton John – que podia aprimorar no repertório de ensaio e dobrar em gênero, número e grau. Se tem que ter empadinha, tem que ter empadão. Tem que ter sanduíche de “carne maluca” (tipo daquelas de segunda) para tapar a sessão boca livre e fazer jus ao fome zero. Mas nada em querer maldar muito quanto ao grande acontecimento que os noticiários televisivos garantem como “casamento do século” e que se a então plebéia pouco afortunada (a saber, para quem está se fazendo de tonto na jogada) lady Kate Middleton, tirou a sorte grande pelo príncipe William. Doa a quem doer, olha o olho da inveja! Xô coisa ruim... E que rufem os tambores, soem as cornetas, brilhem os holofotes, com aquela mulherada toda se acotovelando pelo buquê da noiva no modesto Palácio de Buckingham e que se aquele segurança chamou a lady Kate de “vaca arrogante” e de “cadela riquinha”, melhor passar um pano nisso tudo porque o mesmo já foi punido na masmorra, ops. “Cortem-lhe a cabeça”. Se tem empadinha nessas horas, tem que ter empadão, coxinha (com ou sem varizes, vai do gosto), “beijinho”, brigadeiro – e se preferir –, sopa de lula, que é para dar maior “sunstância”. Aliás, sic, pensei até que o nosso agora ex “colecionador de palanques” fosse dar as caras ao menos pro ensaio matrimonial ao lado da eternamente calada e companheira Marisa. Sim, morou na linha que poderia ter entrado para a história do nunca antes dentre os nobres principados, sir Charles! E o que diria a rainha Elizabeth II, hein! Talvez herdasse nova fama frente a tantos candidatos a espera do direito de posse – quem sabe – por um daqueles centenários e bem desertos quartos de Buckingham onde, por realeza, sem-teto não tem vez nem em pensamento. Pensou errado, “cortem-lhe a cabeça”. E se o horário for londrino, é “Big Bem”. Bom até para o famoso chá das cinco em horário de verão, além da incontestável monotonia e direito de liberdade que deve rolar antes, durante e depois disso tudo. E mais! Vai que a moda lady Kate também baixe por aqui pós casamento real do século (como insistem os apresentadores televisivos de riso Colgate 24 horas D/N, diga-se de passagem, aqueles bem empolgados) na abadia de Westminster... Nas ruas, nos bares e nos lares, a conversa tem sido uma só. Bem mais ainda quando todo mundo quer falar, badalar, xeretar, importando-se a todo custo – isto sim – com a tão aguardada hora do “sim, talvez, posso pensar?”. Plantão do tipo “gente como a gente” é de fazer doer, não é mesmo Charles!? - Pensando melhor, até que aquela “covinha” no rosto dela dá um charminho especial. Porém, como todo cuidado é pouco, e não custa nada lembrar o mundo dos esquecidos, é que aquele palácio enorrrme pode muito bem te tragar, mylady! Se tem que ter empadinha, tem que ter empadão. All right!
Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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