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COLUNISTA
Alex Frederick
11/04/2011 - 07h05
Armas, melhor não tê-las
 
 

Sob o argumento de que a proibição do uso e comércio de armas no país jogaria a população a mercê dos bandidos e delinqüentes, o plebiscito de 2005 sobre o desarmamento, foi vencido pelos que apoiavam o livre comércio das armas.

Vendeu-se ali a idéia de que seria loucura desarmar os homens de bem, que a partir de então, contariam para sua proteção, apenas com as armas e a ação do poder público. Pois bem, na tragédia da escola de Realengo no Rio de Janeiro, que revoltou e comoveu o país inteiro, não apareceu uma arma sequer destes homens de bem para conter a ação do criminoso. Foi preciso a ação de uma arma do poder público, isto é, da polícia, para impedir a continuação do massacre.

Perdeu-se ali, no plebiscito de 2005, uma rara oportunidade, talvez até, de se evitar este trágico acontecimento de Realengo. Talvez seja infantil e simplista demais pensar desta forma. Mas foi justamente em cima deste pensamento simplista, de que a população se armaria de qualquer jeito, com proibição ou sem proibição, que os defensores das armas venceram o plebiscito.

Diziam os pró-armas, que o porte precedido de identificação e curso preparatório, seria garantia para seu uso responsável. Ora, a obrigação da identificação e treinamento, não significa que o uso e a manutenção de uma arma serão sempre com responsabilidade. Os automóveis estão aí para provar o contrário. Tira-se a carteira de habilitação neste país sem nunca ter se sentado ao volante de um carro. A corrupção e a propina, são fortes elementos a se considerar. E mesmo aqueles que de fato são habilitados, é comum vê-los desprezando as leis de trânsito, ultrapassando em locais proibidos, transitando em alta velocidade e dirigindo sob o efeito do álcool matando gente inocente.

Sabe-se hoje, que os políticos que estiveram à frente do movimento pró-armas no plebiscito de 2005, a chamada “bancada da bala” como são conhecidos no Congresso Nacional, tiveram suas campanhas eleitorais financiadas por gordas contribuições da indústria bélica. Esta mesma indústria que eles tanto defenderam no plebiscito de 2005.

Agora, após esta tragédia de Realengo, onde crianças foram brutalmente assassinadas se reascende a discussão sobre o uso de armas no país. Seus defensores, já correram e disseram que seria oportunismo usar este episódio de Realengo no Rio de janeiro para retomar o debate sobre a proibição de armas no país. Considerando seus interesses e o dos senhores empresários do setor, não só este episódio como todos os demais, serão sempre oportunistas.

Eu de minha parte, acho que é oportunista sim.

E daí?

Com a palavra todos nós...


Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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