Julinho Mendes | |
De Adoniram Barbosa: “...Mas um dia / Nem quero me lembrar / Veio os homes cas ferramentas / O dono mandô derrubá / Peguemo tuda nossas coisas / E fumos pro meio da rua / Apreciar a demolição / Que tristeza que eu sentia / Cada táuba que caía / Duía no coração...” E foi assim, na manhã desse domingo (30/01/2011), do meio da rua, com dor no coração, que alguns de nossos caiçaras “apreciaram” mais uma demolição de nossa história, em nosso centro histórico. E no afagar das lembranças: Mesquitinha (engenheiro), Nivaldo Sapinho (construtor), Isaias Mendes (alfaiate), Juca Vigneron (comerciante), João Teixeira Leite (pintor primitivista) e alguns outros ubatubanos, lembraram de personagens, fatos e causos que ocorreram, tanto no local como nas imediações do Bazar Luna, do seu Félix. Daria, com certeza, um bom livro de recordações de um belo período do nosso centro comercial. E cada um de nós, ubatubanos, tem uma lembrança a relatar do Bazar Luna. Eu tenho a minha lembrança, não tão rica, mas é um retalho dessa colcha da história de nossa cidade. A minha lembrança do Bazar Luna é pouca, mas irei relatar algumas coisas. A primeira lembrança, que aliás sempre vem a cabeça, são as figuras do seu Félix e da dona Dalva, pessoas simples, meigas e atenciosas. Lembro-me do seu Félix, na falta de freguesia, sentado num banco de madeira e ferro que se dispunha ao lado de fora do bazar; disse meu pai que aquele banco, virava e mexia, um dia amanhecia na rampa, outro debaixo da amendoeira do Cruzeiro, outro ainda na Praça da Matriz frente ao cinema; coisas que a molecada fazia, de retirar o banco do local e levar para outro lugar, mas quanto no outro dia, a notícia chegava ao seu Félix, o banco sempre retornava para a frente do bazar. Era naquele bazar que comprávamos material escolar como lápis, borracha, caneta, caderno e ainda, e principalmente, material para confecção de pipas, como papel de seda e impermeável, cola, linha... Quando me tornei aluno do Colégio Capitão Deolindo, o meu professor de “Artes Industriais”, professor Valdirzão, em sua matéria, nos pediu que adquiríssemos formões para entalhe em madeira, e os meus formões, que guardo até hoje, de procedência japonesa, comprei no Bazar Luna. Com esses formões entalhei a figura de um índio (o Coaquira), que também guardo até hoje. Lembro-me que esse entalhe, juntamente com o entalhe (de um índio também) do meu amigo de classe José Ronaldo dos Santos, foram os entalhes mais bonitos e que fizeram parte de uma exposição organizada pelo professor. Bom, minha gente! Essas são minhas lembranças. E são muitas as lembranças sobre o Bazar Luna que pairam em cabeças caiçaras. A revista eletrônica O Guaruçá está disponível, principalmente, para manter viva a história dessa cidade. Então, quem quiser que conte uma!
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