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COLUNISTA
Julinho Mendes
26/01/2011 - 10h01
Sabão de cinzas
 
 
Julinho Mendes 

As coisas vão se modernizando e facilitando a vida doméstica. A vida da mulher hoje em dia é uma vida de maravilhas. Para lavar roupas, lavar louças, passar, cozinhar, varrer uma casa... basta apenas um apertar de botão que os afazeres domésticos são realizados. Com essas facilidades a mulher atual não deixa de trabalhar menos do que a mulher de antigamente. As coisas apenas foram facilitadas, mas os trabalhos são os mesmos. Enquanto as mulheres de antigamente passavam quase um dia todo na beira de um rio para lavar as roupas de sua família; as mulheres de hoje, neste mesmo tempo lavam roupas, passam, limpam a casa, preparam os filhos para a escola, cozinham para o marido e muitas ainda arrumam um jeitinho de estudar, ler um livro, assistir uma televisão, enfim as facilidades são muitas, mas os trabalhos, talvez são até maiores.

As dificuldades de antigamente eram maiores e isso fazia com que as mulheres em seus afazeres domésticos tivessem um esforço físico muito maior do que as mulheres dos dias atuais, esses esforços físicos faziam com que as mulheres fossem fortes, tinham mais resistências, mais energias, mais músculos; já as mulheres de hoje são mais frágeis e flácidas e para compensar esta flacidez muitas procuram academias de malhação, fazem caminhadas, cooper, atletismo...

Hoje tá tudo mais fácil e até os produtos de limpeza são os mais variados possíveis; o sabão, por exemplo, tem de tudo quanto é jeito: em pedra, em pó, em líquido, em pasta... O trabalho que a mulher tem é apenas de abrir a embalagem e despejar num tanque ou máquina de lavar. Antigamente até o produto de limpeza era a mulher que preparava; vejamos o caso do sabão.

O sabão de cinza, como era chamado, era produzido pela mulher da seguinte forma: cia antes colhia um tipiti (balaio) cheio de cinzas e dependurava num travessão da casa; a estas cinzas, periodicamente, jogava-se água aromatizada com flor de marcelinha, folha de canela, eucaliptos, erva cidrão e outras ervas perfumadas. A água atravessava o tipiti e pingava numa gamela, feito café coado, formando assim um coágulo escuro. Numa outra vasilha, um latão próprio, derretia-se de cinco a dez quilos de sebo de boi; a este sebo derretido adicionava-se o coágulo das cinzas; fervia-se tudo, retirava os resíduos do sebo e deixava esfriar, repousando de um dia para ou outro. No outro dia aquela solução estava pronta; o sebo misturado com o coágulo de cinzas transformava-se em sabão. Levava-se de dois a três dias só para preparar o sabão. Vejam que dificuldade! Com o sabão pronto, lá ia a mulherada com a trouxa de roupas em cima da cabeça para a beira da cachoeira, bater, esfregar, enxaguar e lavar as roupas com sabão de cinza. Que dureza! Era assim a vida de lavadeira da mulher de antigamente. Era assim que dona Vitalina da Silva Amaral aprendeu com sua avó e mãe, nos tempos em que as dificuldades eram grandes, lá pras bandas de São Luiz do Paraitinga.

As coisas foram evoluindo e já no tempo de dona Mercedes Carlos o processo de fazer sabão ficou mais fácil; esse processo já utiliza recursos e produtos industrializados. Vejamos então a receita do Sabão Sete Fontes de dona Mercedes Carlos, que assim me informou:

Ingredientes: 4 litros de óleo que já foi utilizado em frituras; 4 copos de água (1 litro) fervendo; 1 copo de sabão em pó; ½ copo de pinho sol e 1 kg de soda cáustica.

Modo de fazer: coloque a água fervendo em um balde plástico; junte a soda, o sabão em pó, o pinho sol e o óleo de cozinha queimado. Mexa bem e despeje em uma bandeja rasa deixando esfriar para que o produto endureça.

Pronto! Está pronto o sabão Sete Fontes.

Existe ainda outra receita para se obter o sabão, que é bem mais fácil do que as duas receitas acima descritas; veja como fazer: ajunte um dinheirinho; pegue uma sacolinha; caminhe até o supermercado; procure a seção de limpeza; pegue o sabão de sua preferência; pague no caixa e volte para casa. Pronto! Você tem o seu sabão, colorido, perfumado e espumante.

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