As águas que caíram pesadas na região serrana do Rio de Janeiro semana passada, e que deixaram um rastro de destruição no seu caminho, são as mesmas que já caíram algum tempo atrás em São Luiz do Paraitinga, em Caraguatatuba e em Angra dos Reis. Elas, a cada ano, parecem vir mais fortes e invariavelmente mais devastadoras. O perigo nos ronda e nos espreita, ninguém está salvo de sua fúria. A história tem se repetido a cada ano. É como se fosse um “Vale a pena ver de novo”, só que com personagens reais, tragédias reais e vidas perdidas. As causas, já são conhecidas, e são várias. As construções irregulares estão em toda parte. As encostas dos morros estão tomadas por elas. A agressão à natureza, sempre foi uma das especialidades do homem e continua sendo. O perigo mudou de lado. O tsunami, agora vem dos céus. As falas dos protagonistas desta tragédia brasileira que lembram muito a Itália do período pós-guerra ou o Haiti atual, estão sempre na ponta da língua e são ditas em rede nacional ao final de cada ato - Perdi tudo. Ubatuba com seu clima de chuvas constantes, sua topografia de encostas e rios entrecortando a região, credencia-se de forma especial a condição de protagonista deste filme b do cinema catástrofe da produção nacional. Corremos um sério risco de entrarmos pela porta dos fundos da grande mídia nacional, e sermos mostrados não pelas nossas belezas naturais, mas sim pelo flagelo da catástrofes que hoje assolam outras regiões do país. Não se trata de semear o pânico, nem de plantar factóides para apontar possíveis culpados pelo porvir, mas seria muito importante que nossas autoridades se mobilizassem no sentido de inibir novas construções em áreas de risco, e remover as já existentes, sob o risco de pagarmos muito caro por esta omissão pública. Depois que a natureza resolveu cobrar a conta pelos constantes ataques sofridos ao longo dos anos, ninguém está a salvo. E como diz aquela propaganda na televisão - Vai que...
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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