O Brasil é o país que cresce mais rapidamente no que se refere aos usuários de Internet. Com o aumento da interatividade, segurança e velocidade, além dos baixos preços cobrados pelo acesso à rede, navegar deixou de ser um mero instrumento para se tornar uma importante ferramenta de marketing e vendas. Ter uma página na internet se tornou indispensável para empresas de todos os tamanhos: grande, médio ou pequeno porte. É esta ferramenta que possibilita comunicação junto ao seu cliente sobre os seus produtos e serviços, apresentando seus diferenciais.

Lívia Lampert, vice-presidente da Associação de Agências Digitais do RS (ABRADI-RS) e Diretora da Linea - Comunicação com Design, alerta para os cuidados que as empresas devem ter ao criar o site de sua empresa. “É errado pensar que qualquer pessoa com entendimento na área de informática pode desenvolver um website. É um trabalho que exige conhecimentos específicos e várias competências que vão muito além da programação ou mesmo do design. Não se pode esquecer que o site é a imagem da empresa na internet e, assim como você não compareceria a uma reunião de bermuda e camiseta, seu site deve ser o mais bem elaborado possível”, revela. Cerca de 95% das empresas que atualmente estão na internet não obtêm o sucesso esperado. “Isso se deve a falta de atenção às necessidades de cada negócio”, explica.

O primeiro passo é o conhecimento que a própria empresa deve ter sobre seus clientes. “Antes do desenvolvimento do site, é imprescindível saber o que seus clientes querem quando entram em seu site, temos de satisfazê-los, cativá-los e fazer com que se sintam seguros em relação ao produto que você está oferecendo”, explica.

“Outro fator importante é procurar a Associação das Agências Digitais do seu estado e conferir quais são as agências associadas. Um dos objetivos da ABRADI é justamente ser uma referência consultiva e isenta para qualquer processo de contratação de projetos digitais, em especial projetos de internet”, disse.

Para entender passo a passo o processo e como avaliar a melhor agência para construir o site da sua empresa, entrevistamos Lívia Lampert. Confira a entrevista abaixo.

1 - O mercado de agências digitais está repleto de bons e maus profissionais. Como a empresa contratante pode diferenciá-los em um primeiro contato?

LL: No primeiro contato, é importante que a empresa contratante busque saber informações sobre a agência. Essas informações precisam ir além da sua proposta de valor para o trabalho. Informações tais como alguns trabalhos anteriormente realizados e qual seu reconhecimento frente ao mercado. A infra-estrutura de profissionais também é importante, uma vez que o desenvolvimento de um website requer diversas competências. Isso não quer dizer que a agência precisa ser grande, o que vale é o nível de qualidade do que entrega, o entendimento das diversas áreas que compõem o projeto e o comprometimento profissional com os prazos que promete.

2 - O desenvolvimento de um site envolve muitas questões técnicas e o profissionalismo dos desenvolvedores impacta diretamente no resultado final. É importante que a empresa estude alguma linguagem técnica para solicitar a construção de um site?

LL: A empresa contratante não precisa se aprofundar nas questões técnicas. O que recomendo é procurar saber simplesmente quais serão as linguagens utilizadas e o porquê da escolha destas e não de outras. O mais importante é que entenda como estas linguagens contribuirão ou não nos quesitos: desempenho das funções desejadas, tempo de carregamento do website, suporte a diferentes dispositivos (PCs, iPads, iPhones, Smartphones etc.) e navegadores (Internet Explorer, Chrome, Firefox etc.), segurança das informações e proteção contra invasões, desempenho do website em ferramentas de busca como o Google e praticidade de manutenção do website para eventuais alterações futuras.

3 - O desenvolvimento de um site envolve várias etapas que agências sérias cumprem à risca. Que etapas são essas?

LL: As etapas fundamentais são:

• Planejamento - responsável por buscar as informações do negócio do cliente, analisar o mercado, o público-alvo e os requisitos do projeto, além de determinar o cronograma de trabalho com o cliente e dentro da agência;

• Arquitetura de Informação - determina como estarão organizados e distribuídos os conteúdos no website, qual será o fluxo da navegação, prevendo a usabilidade e a facilidade de acesso às informações;

• Criação - realiza o projeto conceitual e visual e de conteúdo do website com base nas informações das etapas anteriores, determinando o estilo, seguindo a identidade visual da empresa ou produto, e o objetivo estratégico do projeto;

• Desenvolvimento - torna o visual funcional, e acrescenta inteligência, de acordo com as linguagens de programação web, criando os links, formulários, conteúdos dinâmicos, rotinas de segurança e monitoramento, e demais funcionalidades que o projeto exigir;

• Validação - fundamental a validação do projeto antes de sua publicação para verificar: se o projeto seguiu todos os requisitos combinados com o cliente, se todos os links e funções presentes estão funcionando corretamente, se o website está de acordo com os padrões web (padrões determinados pelo órgão W3C), se o website funciona corretamente em diferentes navegadores e dispositivos, e se é amigável para buscas (a fim de otimizar ao máximo a encontrabilidade do website em ferramentas de busca como o Google);

• Publicação e Monitoramento - uma vez colocado no ar, é recomendável a empresa manter um monitoramento de visitas, páginas mais acessadas, canais de saída do website, fontes de acesso ao website, isso para poder compreender melhor o comportamento dos seus visitantes, responder as suas necessidades constantemente e planejar ações futuras.

4 - Para a criação de um site, é necessário que haja uma equipe composta pelos diversos profissionais necessários tanto para a identidade visual quanto para a programação das ferramentas. Que profissionais são esses? E cabe à empresa contratante observar se a equipe da agência é completa?

LL: É fundamental que a empresa contratante compreenda quais são as competências minimamente necessárias para o projeto de um website de qualidade e se a agência abrange a todas por meio de um profissional ao menos ou uma equipe:

• Gerente de Projeto: responsável pelo planejamento, integração de todas as competências e supervisão do projeto como um todo;

• Atendimento: será o interlocutor entre o cliente e a agência, servindo como porta-voz de uma parte à outra;

• Conteúdo: atuará na gestão do conteúdo (textos, imagens, vídeos, entre outros) que serão publicados no website, desde sua produção, nomenclatura de seções, títulos de páginas, até a revisão gramatical e semântica do todo;

• Design: é o responsável pela elaboração de um conceito visual coerente às estratégias, requisitos e conteúdos do projeto. Atuará na organização, distribuição dos conteúdos e links, e no projeto visual de todas as páginas;

• Desenvolvimento: dentro da área de desenvolvimento, há profissionais especializados em diferentes linguagens, que serão utilizadas conforme as necessidades do projeto, desde o HTML (linguagem web básica, fundamental a todo e qualquer website), passando pelo Flash (para animações, vídeos e jogos online), PHP / ASP / .NET / entre outras (linguagens para funções mais complexas e interfaces com bancos de dados);

• SEO: é o profissional com conhecimentos na área de otimização do website para ferramentas de busca, que atuará no decorrer de todo o projeto pensando nas melhores práticas para tornar o website mais fácil de ser encontrado em ferramentas de busca, e de acordo com as premissas levadas em conta pelo Google;

• Testes e monitoramento: será responsável por testar todos os detalhes do projeto antes de sua publicação, verificar cumprimento dos padrões e requisitos, compatibilidade com dispositivos, para, quando estiver tudo 100%, liberar o projeto para publicação e monitorá-lo.

5 - É comum encontrar “agências” com divulgações do tipo “Seu site por R$ 399,00 + hospedagem”, o que pensar destas ofertas?

LL: Essas ofertas sempre vão deixar a empresa contratante a desejar, no mínimo, na qualidade do que é entregue. Esses modelos de oferta com preços tabelados e abaixo do mercado, geralmente oferecem websites “pré-moldados”, e que, como todo produto pré-pronto, acaba massificando algo que deveria ser 100% personalizado. Os resultados são websites iguais (ou muito parecidos) produzidos para negócios com necessidades completamente diferentes. Não há análise das reais necessidades e personalização do projeto de forma coerente ao negócio. É nesta personalização e na compreensão das necessidades que está o real valor do website, ou então ele perde seu sentido. Fora isso, é possível a empresa contratante se deparar com projetos muito limitados, de difícil manutenção, nenhum comprometimento com prazos, e/ou etapas importantes do projeto sendo ignoradas. Os riscos são muitos e as chances de retorno sobre o investimento, mínimas neste caso.

6 - O site de uma empresa de consultoria nunca será igual ao site de uma distribuidora de produtos, por exemplo. Cabe à empresa acompanhar o projeto e analisar se ele está de acordo com o produto que oferece ou, se a agência é boa, a contratante não precisa ter essa preocupação?

LL: A análise aprofundada do negócio e das necessidades é a pedra fundamental do projeto. Uma boa agência se aterá a etapa de planejamento, pois sabe que a partir desta análise é que poderá planejar a solução mais certeira à empresa, em termos de conceito, funcionalidades, navegação, visual, programação e demais itens. Porém, o diálogo com o cliente deve ser constante, pois ele tem a contribuir também com a visão do dia-a-dia do negócio e fornece as informações com detalhes. Portanto, o melhor planejamento é aquele feito a quatro mãos, com as contribuições do cliente, e uma boa agência, que saberá transcrever estas necessidades numa solução que as atende na sua totalidade.

7 - A maioria das agências utiliza o formato de carga horária para definição dos valores dos projetos? Ou existem outras formas de analisar o valor do produto?

LL: O método de formar o preço com base no volume de horas que será dedicado ao projeto é o mais indicado, e também o mais justo. A maioria das agências sérias utiliza este método. Dessa forma, o investimento é proporcional à complexidade do trabalho, e todos ganham na qualidade. Não recomendo outra maneira de formar os valores, em função de que a criação de um website é um serviço, e não um produto, personalizado de acordo com as necessidades do cliente, e cuja matéria-prima é exclusivamente as horas de trabalho dedicadas pelos envolvidos.

8 - Como a empresa pode mensurar se o valor cobrado de tal agência é muito alto ou muito baixo?

LL: Esse é certamente um dos maiores desafios, pois há poucos parâmetros para tal. Mas como em outras áreas de prestação de serviço, o valor cobrado pela hora de trabalho é um bom elemento de comparação. O ideal é que o cliente compare propostas e compare principalmente o que cada agência está oferecendo, em termos de escopo (o que inclui ou não), e o que sua experiência e infra-estrutura poderão agregar em valor ao seu projeto. Se há agência for séria, ela cobrará o valor ajustado ao que poderá proporcionar ao projeto.

9 - Trata-se da marca de uma empresa que está em jogo. O site ainda é a melhor vitrine para uma empresa?

LL: É fato que a presença digital se torna obrigatória a todo tipo de empresa atualmente. Afinal é nos buscadores que você procura produtos e serviços, é no website que você define a sua escolha, e se oferecer a possibilidade, é pela própria web que você fará o contato e até quem sabe a compra, não é verdade? E não só como vitrine, o website pode proporcionar a uma empresa um canal de vendas, de atendimento, de relacionamento com seu cliente, de pesquisa, de entretenimento, entre tantas outras possibilidades. A web abre inúmeras oportunidades aos negócios, basta buscar a orientação junto a uma agência séria, que orientará a empresa sobre quais, entre tantas possibilidades, serão as melhores ao seu negócio.