Julinho Mendes | |
Embora iniciado no período áureo do café, quando o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de café e que Ubatuba era ponto alfandegário e porto de exportação, o portal ilustrado acima levou trinta anos para ser colocado onde está até hoje. 144 anos de existência. Seu gradil, de ferro, resiste a corrosão da maresia. Sua moldura em arco feito em granito, trabalho de um grande escultor, um artista em entalhe em pedra e, ainda, a pequena cruz, símbolo maior do cristianismo. Fico pensando: Quantas pessoas já passaram por debaixo desse portal? Quantos casais de noivos passaram descasados e saíram casados por debaixo desse portal? Meus pais foi um desses. Quantas crianças pagãs saíram batizadas passando por debaixo desse portal? Eu fui uma dessas. Muitos mortos entraram e saíram com benção dos padres, passando também por esse portal. Quantas histórias tem esse portal para nos contar? E quem pode contar somos nós, filhos de Ubatuba. Eu lembro de um fato histórico e marcante que ocorreu debaixo desse portal: foi quando Mazzaropi encenou um trecho do filme “A banda das velhas virgens” (1979). Por sinal, essa encenação foi muito complicada para os produtores do filme e hilariante para os curiosos que assistiam a cena. Esse fato, em breve, reeditarei aqui n’O Guaruçá. Aguardem! Pois é, cada um de nós ubatubanos, com certeza, tem uma lembrança de fatos internos ou externos ocorridos perante esse portal. Quem sabe meu amigo Eduardo Souza nos conte um? É! O portal está lá e, com certeza, vai durar por mais 144 anos. Vai presenciar muitas missas, muitos casamentos, muitas festas, muitas músicas, alegrias, tristezas... Esse portal é um dos poucos elementos que restaram da arquitetura do século XIX e, desse resto, visto por olhos de quem é profissional e qualificado em turismo, Ubatuba pode utilizar como símbolo de divulgação de nossa história e nossa cultura, em prol do desenvolvimento turístico. Fica aqui a idéia aos “monçônicos” congratulantes edis, para que criem leis para conservação e proteção desses bens históricos que ainda restam na cidade. Podemos, ainda, criar um concurso fotográfico retratando esses elementos de nossa história e deixando como registro um álbum ou uma revista como parte de acervo para conhecimento e estudos para estudantes e turistas. Cidade que se diz turística não pode desprezar os detalhes que existem em sua volta; acredito que tudo é motivo de apreciação turística e quando trabalhado por um profissional qualificado em turismo se transforma em riqueza.
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