Julinho Mendes | |
No domingo, 19, ao chegar na minha praia de nascença (praia de Iperoig), posso dizer assim, me deparei com um campeonato de pesca. Era grande o número de participantes que ia até o início da praia do Itaguá e, pela numeração, tinha mais de 135 competidores. A praia estava tomada de pescadores, com lugar reservado até para um grupo feminino e cada qual com seus sofisticados equipamentos de pesca. Legal! É isso mesmo que estamos precisando. Atração que desenvolva nosso turismo, nossa economia; seja esportivo, cultural, ecológico, etc. 135 participantes mais ainda seus familiares e seus carrões, acredito que, nesse marasmo em que vivemos, foi um dia positivo para o comércio local (postos de gasolina, restaurantes, pousadas...). Parabenizo os organizadores pelo grandioso evento, mostrando que Ubatuba tem mais esse potencial e mais esse atrativo, que pode, com certeza, se algum dia tivermos um administrador com olhos de empreendedor e futurista, se tornar até um evento mundial. Tudo muito bonito, muito festivo e muito importante, e acredito até que tudo esteja dentro das normas e das leis ambientais para a realização de tal evento, mas é preciso, e aqui venho alertar ou mesmo ser contra a regra ou normas do regulamento do torneio. Uma revisão necessária é em relação ao tamanho e ao peso do peixe a ser pescado, ou melhor, a ser morto. Eu visitei alguns dos competidores para ver o peixe pescado, e pelo que vi, diria que o torneio é para premiar o pescador que pegar o menor peixe. Foram muitos peixinhos mortos pelos competidores, peixinhos esses, que digo com propriedade e conhecimento, são filhotinhos de peixes em fase de crescimento e que certamente seriam peixes adultos que pesariam dois, três quilos e com tamanho acima de cinqüenta centímetros. São corvininhas, embetarinhas, robalinhos, pampinhos, sarnamiguarazinhas, “eteceterazinhas”. Essas nossas baías são, na verdade, berçários da vida marinha; aqui desova, nasce, cresce e vive uma variedade enorme de peixes que depois de grandes dão trabalho para pescadores e alimentam o povo. Quando escrevei “Meu repúdio”, publicado em 17/02/2006, escrevi a favor da tradição caiçara, escrevi a favor da vida de um pescador, escrevi contra a forma constrangedora e humilhante que foi submetido o pescador Aládio Teixeira Leite. Hoje o meu repúdio é pela forma equivocada em que estão matando os filhotes de peixes nesse torneio de pesca em nossa baía, ou em qualquer outra baía do nosso litoral. Divanil e sua esposa, sentados na mureta da praia observando os pescadores, me chamaram para questionar sobre o tamanho dos peixes que estavam matando naquele torneio. - Julinho, pode uma coisa dessa? Respondi a eles que o torneio tem um regulamento e que, como já vi em outros, a Polícia Ambiental faz vistoria e fiscaliza eventos. Não vi e não sei se a Ambiental esteve presente nesse evento! Vi muitos baldes com muitos peixinhos mortos e por isso, pela observação do casal e, principalmente, a meu ver, pela falta de consciência dos pescadores e/ou do regulamento do torneio é que estou escrevendo este artigo. Sei que os peixinhos mortos pescados no evento são doados a uma instituição filantrópica da cidade. Ótimo! Mas não precisa haver o sacrifício de peixes tão pequenos assim, basta rever o regulamento e propor o seguinte: que cada pescador tenha em seu balde um motor de oxigenação para manter os peixinhos vivos nos baldes, para depois de serem contados, medidos e pesados, serem soltos no mar, dando chance de crescerem, servirem de trabalho para os nossos pescadores e servirem de alimento para o nosso povo. Pode-se pensar ainda em desclassificar quem pescar peixe com menos de meio quilo ou menos de trinta centímetros dependendo da espécie, ou ainda aumentar o tamanho do anzol. Jeito tem, é só querer fazer a coisa consciente e de respeito com a natureza. Fica aqui o nosso alerta e esperamos ver muitos outros torneios em nossa cidade com a consciência de respeito e preservação da nossa natureza.
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