Arquivo EASN | |
Dona Maria do Carmo de Oliveira faleceu. Uma senhora idosa, pequenina, sempre a pé pelas ruas da cidade, carregando o peso de uma vida cheia de dificuldades que, contudo, não a impedia de dar sonoras gargalhadas. Há algum tempo não a via. Outrora, quando a encontrava, na maioria das vezes, era no antigo prédio da Câmara Municipal onde ela sempre que podia marcava presença para exercer seus direitos de cidadã: cobrar, criticar, sem medo, sem peias, sem meias-palavras, na cara, na lata, em alto e bom som. De seu interesse, nada pedia. Sempre reivindicava tão somente para a sua Ubatuba, para o seu bairro, o Perequê-Açú. Alguns, quando a viam, davam um jeito de se safar. Talvez porque se incomodassem com o tom de voz ou com a veemência com que Dona Maria se expressava. Talvez porque acostumados a só tratar de assuntos públicos aos cochichos ao pé do ouvido. Um exemplo para aqueles que, nas questões da nossa cidade, se omitem ou se deixam levar pela pusilanimidade. Dona Maria nos deixou. Resquiescat in pace.
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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