A sessão da Câmara Municipal de Ubatuba do último dia 16 teve um segundo ponto de destaque, protagonizado pelo suplente Cinel. Creio que poucos tenham prestado a devida atenção mas o suplente citado propôs ao executivo a indicação de número 368, abaixo: “Solicitação de projeto de lei para a confecção de placas que proíbam a prática ou depósito de oferendas nos cultos, nas praias, cachoeiras e encruzilhadas” Enquanto Cinel não volta para o lugar de onde veio e jamais deveria ter saído, espero que durante a sua curta jornada de vereador substituto, o mesmo se ocupe em se informar sobre as funções de um vereador. Não cabe aos membros do legislativo solicitar, pedir, implorar ou mandar o executivo fazer leis. Ressalto também que o mínimo que a população espera de um vereador é que o mesmo saiba escrever de forma correta e clara. Do modo como foi escrita a indicação é possível supor que a mesma se refere a elaboração de projeto de lei de confecção de placas e não de um projeto de lei de proibição da prática ou depósito de oferendas, cuja publicidade se dará inclusive através de placas indicando as proibições. Após a ordenação lógica das idéias recomendo, ainda, que o referido suplente consulte a Constituição Brasileira e verifique se suas pretensões não são vedadas. Eu não possuo religião, detesto música gospel e acho insuportável religiosos que berram para um Deus, que deve ser surdo pois, se não o fosse, não haveria necessidade de gritar. Apesar de minhas restrições, invariavelmente acabo me deparando com situações onde sou obrigado a conviver pacientemente com as situações citadas, pois, nossa carta magna garante a livre opção de religião. Preconceituosos, intolerantes ou simplesmente hipócritas são muito comuns, porém no Brasil, a cada dia vemos mais pessoas e entidades se contrapondo a pessoas como essas. Em julho de 2010 a OAB do Pará se pronunciou veemente contra a seguinte situação: “A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará prometeu agir como muito rigor para defender os religiosos do Grupo Afro Mansu Nangetu. Eles foram vítimas do preconceito quando realizavam um ritual religioso na noite da última quarta-feira, dia 21 de julho, no Projeto VeroRio e foram abordados por um guarda-municipal que tentou impedir a continuação do ritual, pois os religiosos estariam poluindo o rio com as oferendas.” (Extraído de: OAB - Pará - 26 de Julho de 2010) Quem deve se preocupar com despachos e oferendas são as galinhas, que, realmente, sofrem prejuízos com tais atos. Como o suplente Cinel não é galo, galinha e não é parente de algum deles, posso afirmar que o mesmo não possui legitimidade para reclamar. Até que os vereadores realmente eleitos pela população retornem às suas cadeiras, recomendo aos suplentes que optem por brincar de vaca amarela durante as sessões.
Nota do Editor: Marcos de Barros Leopoldo Guerra, natural de São Paulo - SP, morador de Ubatuba desde 2001, é empresário na área de consultoria tributária.
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