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COLUNISTA
Marcos Guerra
19/08/2010 - 14h06
Macário pagando mico na sessão da Câmara
 
 

Cheguei a conclusão de que há pessoas que deveriam ser tributadas, com algum tipo de imposto, pelo simples fato de existirem e nos fazerem ouvir suas absurdas idéias e propostas. Tal medida faria com que nossos ouvidos fossem poupados ou que os cofres públicos fossem beneficiados.

Na sessão da Câmara Municipal de Ubatuba, no dia 17, conseguimos eternizar com imagens e com gravação de áudio, provas incontestáveis de que o ser humano não possui limites, quando pretende provar sua incapacidade e sua falta de noção. Indicações, portal, moções e exonerações foram as bolas da vez e os únicos assuntos discutidos em mais uma hilária sessão.

Logo de início foi possível ver a cara de interrogação de um determinado suplente de vereador durante a confirmação de presença. O mesmo, por ser o primeiro na árdua tarefa que lhe fora imposta, não sabia se aprovava, rejeitava ou vetava. Felizmente, na dúvida, levantou a mão e tal ato foi encarado como um sim, estou presente. Sorte do experiente Osmar, que não teve que colocar em prática seu recém-lançado curso rápido para suplentes de vereador.

Após a fluente leitura do especialista em oratória, vereador Americano, a população de Ubatuba teve a oportunidade de rolar de rir com algumas das propostas de indicações ao executivo. A mais engraçada, com certeza, foi de Macário, para a construção de um portal na rodovia Oswaldo Cruz, no topo da serra, sob as alegações de aumentar a segurança pública e melhorar o atendimento ao turista. Sem se preocupar em demonstrar como um simples portal pode ter tais funções, Macário, em seu texto, vai além e prefere dar detalhes de como deverá ser a construção e quais serviços deverão estar disponíveis. Detalhes como custo da obra, contratação de funcionários, compra de equipamentos e fonte de recursos, não foram objeto, sequer de menção.

No “projeto” é determinado que a construção seja ecologicamente correta porém, parece que o suplente desconhece o local onde pretende instalar tal portal, ou, simplesmente não possui a menor idéia de seu próprio projeto, no que tange às suas dimensões. Vazão lateral para ônibus, estacionamento para carros apreendidos ou acidentados, fazem parte da estrutura básica do singelo portal, o qual certamente, com tais requisitos não poderá ser efetuado sem alguns danos ambientais bastante significativos.

Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Ambiental, Polícia Militar Ostensiva, Guarda Municipal, COMTUR, DER, fiscalização do ICMS, vigilância do Núcleo Santa Virgínia, fiscais do Setor de Tributos Municipais e até mesmo Vigilância Sanitária, farão parte da equipe. Caso a tropa de apoio, idealizada e criada pelo suplente com mania de grandeza, seja efetivamente contratada, haverá a necessidade de ampliar construções e degradar mais ainda o local ou tais profissionais terão de ficar dependurados em árvores.

A estrutura física do prédio merece um parágrafo único pois, pela descrição, deverá ser algo grandioso e digno de fazer inveja a cidades como Abu Dhabi. Eucaliptos tratados, vidros blindados e monitoramento de câmeras com software de reconhecimento ótico, são apenas algumas das imposições que constam do “projeto”, que pretende ser o diferencial turístico de Ubatuba.

Após o término do capítulo que deveria ser denominado de pedidos impossíveis ou fale com o Papai Noel, teve início o capítulo não menos engraçado e destinado a liquidação de moções. Por questão de economia as moções são dadas a corporações inteiras e não somente a um indivíduo. Após um enfadonho discurso sobre os agraciados, perceberam que os beneficiados com as moções não haviam sido convidados. Pelo menos ficou provado como são prejudiciais as exonerações feitas a esmo e por razões particulares. Em sua curta jornada na Câmara, o responsável, demonstrou que não sabe exonerar e nem contratar. A falta de convocação ou notificação dos beneficiados interessados pelas moções que seriam votadas é prova de despreparo para a função, demonstrando, ainda, que os atuais assessores do dito cujo são tão incompetentes e confusos quanto o mesmo.

Recomendo aos vereadores que criem o título cidadão sem noção. Tal título poderia ser dado a todo aquele que por ação, omissão ou moção, prove em sessão ser um sem noção.

Antes que algum perseguidor resolva dar interpretação diversa a meu título, esclareço que pagar mico não possui qualquer relação com remunerar alguém cujo apelido é Mico.


Nota do Editor: Marcos de Barros Leopoldo Guerra, natural de São Paulo - SP, morador de Ubatuba desde 2001, é empresário na área de consultoria tributária.
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