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COLUNISTA
Celso Fernandes
14/08/2010 - 10h07
Vem, Totó, vem...
 
 
Tevê à manivela

Essa é só para relaxar (que da linguagem ora repetitiva dos nossos politicamente corretos não muda em nada, vamos aos fatos). Será que não tem outro jeito de contar o mesmo enredo das nossas telelágrimas diárias? Igual o desespero do viúvo camponês Totó enganado pela ex-enfermeira maquiavélica Clara, em “Passione”, deixa a desejar. Coisa que do ciclo do viciado triângulo amoroso também não diferencia em muito de um para a cara do outro, não é por menos. Nem por mais, né? (E se eu repito por aqui é porque é reprise, oras). Vale até mesmo um pouco do mambembe com que representam pela briga do ibope. Espera aí! Triângulo amoroso em vias de “quadriângulo” a essa altura do campeonato e olhe lá como aperfeiçoam tudo. Porém, os chifres não enganam, passam por baixo de qualquer porta de Fuscão preto importado e sequer precisam entrar no time dos repertórios sertanejos do tipo: “Preciso de você aqui”.

Por-tan-to (assim mesmo, em separado, porque não é tudo junto), sem essa de usar, idem, em demasia o pensamento que se o amor é lindo, mas perigoso, e que carrega seus espinhos. Isso já é assunto batido desde o primeiro beijo roubado na hora do recreio e não vamos falar em querer fazer picadinho de ninguém. Que de lindo, livre e solto, acaso o candidato seja um bom beijoqueiro de plantão, nem precisa fazer curso de línguas, certo? Tal a novela da minha vida, ou da minha vida que se tornou uma novela desde pequenininho, quando ainda comia o lanchinho da Ana Maria no pátio da escola ficou mesmo apenas numa vaga lembrança. Agora, se há vagas é uma boa pergunta.

Totó, onde está você? Brincar de “esconde” com a dúbia Clara, no escuro, não pode! “O Fred nem mais faz parte dessa estória”, diria algum bom locutor daqueles que querem vender a propaganda enganosa. Cinta emagrecedora? Sinto muito! Ou: “Comprou, usou, lavou, secou”. Numa vestida só. E ai de quem falar da não paixão avassaladora do personagem Danilo que também amava Chiquinha, que amava Mariazinha, que odiava o Zequinha, mas não explicava porque. Sem esquecer da lady Diana! Mas sem aquela vaga forçada ao pé da letra ou acordos ortográficos, ou de se pretender articular ao contrário: “onde come um, hoje em dia, comem dois, três”, dependendo das variantes! Além da fila, né?

Mama mia! Pois se a Gemma alertou, e o Totó não aceitou, tudo pode ser resumido numa questão de testamento. Aliás, grana, amor, sexo e malvadeza são ingredientes indispensáveis até mesmo nas mãos daquele autor que só precisa trocar os personagens, dar um toque no cenário, caprichar nos importados, contratar novos e luxuosos figurantes e seguir o Caminho das Índias, ops, essa já foi! Mangiare! Agora estamos na condição de espagueto e pizza com muito alho, alite e óleo que é para encrementar no colesterol. É muita paixão a prova de balas!

No mais, é “Passione”, minha gente. Sognare “Passione” e mais passionalmente ainda com a Clara – a menina dos meus olhos! Malvada em pele e osso como ela só! Ops! E se o amor é lindo... como é gostoso segurar os espinhos. Agora o porque da Melina não ser uma (boa) menina de tranças, tal aquela que o Antonio Marcos tão bem cantou por volta de 1966, na época da Jovem Guarda, nesse caso havemos de perguntar é pro Silvio de Abreu. Sem contar que ninguém sequer rezou a missa de ano pro Eugênio – aquele finado ricásso, esposo da Bete – que só durou um capítulo na novela das 8 que nunca começa às 8, e que colocou todo mundo nesse rolo. Capite!?

Vem, Totó, aparece! Que a minha memória virtual está é desaparecendo. Se não fui bem claro nessa, envia um torpedo via-Clara aqui para a redação que esclareço tudo direitinho. Os detalhes, pois, sim, são ainda aqueles famosos de nós dois que o Roberto Carlos gravou e um monte de gente dublou.

Em tempo! Só não vamos esquecer de dizer que se a primeira tomada é de fazer rir, depois fazer pensar, que engolir a espada até que a gente engole. O duro é saber contar com os efeitos colaterais. E se a cauda for muito longa a gente encurta, bolas! Avere il prosciutto i ricord... Arrivederci. Xô! Que é muito “causos” de amor para eu roer as unhas dos pés sozinho.


Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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