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COLUNISTA
Julinho Mendes
27/07/2010 - 09h09
Mais uma do “resgate”
 
 
JM 

Mês de julho, friozinho gostoso e, na maioria, os dias são de céu azul com sol ameno e aquele vento peculiar que sopra do mar pra terra. Começam as férias de inverno e a criançada toda preparada para a temporada de caça. Papel de seda, vareta, cola, tesoura, linha e o cerol. Lógico! Pipa sem cerol vira presa fácil e sem defesa. O cerol é o armamento bélico das pipas. E o nosso céu fica colorido, alegre, dançante... as pipas estão no ar, fazem seus vôos e feito aves de rapinas, flecham em rasantes ataques às suas vítimas. De repente, em bailado desengonçado, uma e outra caem lá de cima. Pronto, foi abatida! Quando o caçador é hábil consegue apará-la pela rabiola, quando não, entra em ação o batalhão terrestre: criançada, que com varas de bambus engalhados saem em disparadas na busca da pipa abatida. A disputa é tão grande que é raro conseguir a pipa intacta, o que sobra, na verdade, são as varetas que servirão para fazer uma outra. O olhar adulto, muitas vezes pergunta:

- Vale a pena ariscar tanto para conseguir uma pipa derrubada? - O olhar criança, adolescente, responde que sim, que é prazer, alegria, festa, viver, é cultura. E cultura deve ser mantida!

Hoje a manutenção dessa cultura deve ser com consciência. Deve haver uma grande responsabilidade em soltar pipas e papagaios. Existem dois fatores que põe em risco a vida de um ser humano no ato de soltar uma pipa: um é o perigo dos fios das redes elétricas que podem causar a morte do caçador de pipas e a outra é a linha com cerol que pode cortar o pescoço de condutores de motos e de bicicletas. Quanto a esses casos, há a necessidade dos órgãos públicos fazerem uma campanha de conscientização, prevendo fatos que podem virar tragédias.

Está aberta a temporada de caça pipas. E a conscientização foi feita?

Nem conscientização, nem advertência! A inércia é geral! Lembram do maravilhoso e festivo Festival de Pipas que acontecia na praia do Perequê-Açu, que levava pais e filhos, locais e turistas, pipas e papagaios, cadê? É mais uma do “resgate”: resgatar o fim do Festival de Pipas de Ubatuba.

Ubatuba é uma pipa que foi cortada e que vaga voando em ventos sem destinos!

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