26/11/2024  03h48
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Julinho Mendes
19/07/2010 - 09h17
Embromation da politication da Ubatubation
 
 
JM 

... Ou, quem sabe, o Julinho Mendes consiga que o Saci explique tamanha falta de sorte...

Foi o que pensou, escreveu e pediu, o meu amigo Celso de Almeida Jr. sobre as últimas notícias de nossa Câmara Municipal.

Celsinho! Conversei com o saci e, segundo o que ele me relatou, a coisa tá feia em nossa cidade e nem saci resolve a embrometion da politication da nossa Ubatubation, mas o amigo saci me deu uma única esperança para a resolution da embromation da politication local. Fazer uma macumba!

- Procure o Moisés Macumbeiro! - Assim recomendou o saci.

Celsinho, você conhece o Moisés Macumbeiro?

Eu conheço a fama do Moisés Macumbeiro através da história que me contou o saudoso amigo João de Souza, que relata o seguinte:


Alvinho era um servidor do DER, amigo nosso. Um dia apareceu no trabalho com cara de quem queria acabar com o mundo, nervoso e irado, dizia que queria ir embora para Cananéia, por causa de um vizinho, que por sinal era político.

Diante da irritação do cidadão, tentamos acalma-lo, dizendo para que tivesse paciência que as coisas iriam se resolver. Ele então perguntou:

- Vocês já tiveram um vizinho político ruim?

Dissemos que tínhamos políticos ruins, mas vizinho era azar demais.

- Pois é! - continuou Alvinho - Isso está acontecendo comigo, pois chegou um vizinho “despolítico” de frente a minha casa que é da pior espécie. Faz um mês que chegou e já brigou com o quarteirão inteiro. Já chamamos a polícia, registramos um BO e nada adiantou. O jeito é matar o filho da mãe, ou eu mudar de cidade, vou pra Cananéia!

- Você sabe que macumba pega? Você já foi num saravá, já procurou um pai de santo? - Perguntamos.

- Eu já fiz saravá, já procurei pai de santo, mãe de santo, avô de santo, já gastei um dinheirão danado e não resolveu nada, contra aquele infeliz!

- É que você não conhece o Moisés Macumbeiro. Moisés é um legítimo baiano que trabalha como Pai de Santo desde quando era Menino de Santo. O homem é bom nesse assunto, pois em seu processo de macumba utiliza peru da cabeça roxa, em vez de galinha preta.

Animado, Alvinho queria mais referências e qualidades do tal macumbeiro. E os amigos continuaram.

- Moisés é um macumbeiro de grande fama na Bahia, com pós-graduação nos grotões da África e doutorado na Jamaica, não tem terreiro em que não atua.

Convencido, Alvinho então procurou o Moisés Macumbeiro e acertou o trabalho.

Era uma sexta-feira 13 de lua cheia, sete horas da noite, quando Moisés chegou na casa do Alvinho. Vestia uma capa preta, chapéu preto, trazia um atabaque vermelho debaixo do braço e nas mãos carregava um maço de velas coloridas, fitas vermelhas, um cantil de pólvora e seu peru de cabeça roxa. O despacho seria fulminante.

Na sala da casa de Alvinho, mais de cinqüenta opositores ao vizinho rodeavam o círculo de pólvora a espera do grande despacho; Moisés então começou a sessão batendo atabaque e cantando assim:

- Estou chegando nesta roda de trabalho. Estou trazendo meu peru para rodar. O peru está com fome. Tá querendo bolinho de fubá.

As mulheres respondiam em coro:

- Nós temos, mas não podemos dar. O bolinho é de trigo. O peru é enjoado. É capaz de não gostar.

Ao término da cantoria, Moisés tira de dentro do atabaque o seu peru de cabeça roxa; o bicho trançando pernas, totalmente tonto começa a rodar tentando sair de dentro do círculo, mas não consegue; Moisés então mete fogo no círculo de pólvora e grita:

- Sai peru! Sai peru!

Um fumação desgraçado tomou conta do espaço, e o peru então completamente mole e despenado pula pra fora do círculo, caindo nos braços do Alvinho. Moisés manda Alvinho jogar o peru despenado no quintal do vizinho político.

No outro dia, Alvinho chegou ao trabalho com a boca grudada na orelha, satisfeito e feliz da vida, por que a macumba deu certo. O vizinho sumiu do mapa e ainda por cima carregou o peru de cabeça roxa, junto com suas bagagens.


Em seus contos, João de Souza costumava escrever ainda uma frase que naquele dia 09/08/2002 foi a seguinte, do samba de Martinho da vila: “Macumba na cozinha sinhá não qué, por causa da macumba quebrei meu pé.” Saudades do João!

Pois é meu amigo Celsinho, atabaque eu tenho um, fica por sua conta arrumar um peru de cabeça roxa, e vamos nós mesmos fazer o trabalhinho para consertar a embromation da politication da nossa Ubatubation.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "JULINHO MENDES"Índice da coluna "Julinho Mendes"
04/11/2022 - 05h45 Impávido cara-pálida
19/09/2022 - 06h08 Não esqueçamos...
15/08/2022 - 06h22 A educação e a mendicância
17/09/2021 - 06h30 Analogia Luso-Tupinambá
30/10/2020 - 06h41 Renovos tempos - O nosso boi renasce do mar!
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.