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“... Ou, quem sabe, o Julinho Mendes consiga que o Saci explique tamanha falta de sorte...” Foi o que pensou, escreveu e pediu, o meu amigo Celso de Almeida Jr. sobre as últimas notícias de nossa Câmara Municipal. Celsinho! Conversei com o saci e, segundo o que ele me relatou, a coisa tá feia em nossa cidade e nem saci resolve a embrometion da politication da nossa Ubatubation, mas o amigo saci me deu uma única esperança para a resolution da embromation da politication local. Fazer uma macumba! - Procure o Moisés Macumbeiro! - Assim recomendou o saci. Celsinho, você conhece o Moisés Macumbeiro? Eu conheço a fama do Moisés Macumbeiro através da história que me contou o saudoso amigo João de Souza, que relata o seguinte: “Alvinho era um servidor do DER, amigo nosso. Um dia apareceu no trabalho com cara de quem queria acabar com o mundo, nervoso e irado, dizia que queria ir embora para Cananéia, por causa de um vizinho, que por sinal era político.
Diante da irritação do cidadão, tentamos acalma-lo, dizendo para que tivesse paciência que as coisas iriam se resolver. Ele então perguntou: - Vocês já tiveram um vizinho político ruim? Dissemos que tínhamos políticos ruins, mas vizinho era azar demais. - Pois é! - continuou Alvinho - Isso está acontecendo comigo, pois chegou um vizinho “despolítico” de frente a minha casa que é da pior espécie. Faz um mês que chegou e já brigou com o quarteirão inteiro. Já chamamos a polícia, registramos um BO e nada adiantou. O jeito é matar o filho da mãe, ou eu mudar de cidade, vou pra Cananéia! - Você sabe que macumba pega? Você já foi num saravá, já procurou um pai de santo? - Perguntamos. - Eu já fiz saravá, já procurei pai de santo, mãe de santo, avô de santo, já gastei um dinheirão danado e não resolveu nada, contra aquele infeliz! - É que você não conhece o Moisés Macumbeiro. Moisés é um legítimo baiano que trabalha como Pai de Santo desde quando era Menino de Santo. O homem é bom nesse assunto, pois em seu processo de macumba utiliza peru da cabeça roxa, em vez de galinha preta. Animado, Alvinho queria mais referências e qualidades do tal macumbeiro. E os amigos continuaram. - Moisés é um macumbeiro de grande fama na Bahia, com pós-graduação nos grotões da África e doutorado na Jamaica, não tem terreiro em que não atua. Convencido, Alvinho então procurou o Moisés Macumbeiro e acertou o trabalho. Era uma sexta-feira 13 de lua cheia, sete horas da noite, quando Moisés chegou na casa do Alvinho. Vestia uma capa preta, chapéu preto, trazia um atabaque vermelho debaixo do braço e nas mãos carregava um maço de velas coloridas, fitas vermelhas, um cantil de pólvora e seu peru de cabeça roxa. O despacho seria fulminante. Na sala da casa de Alvinho, mais de cinqüenta opositores ao vizinho rodeavam o círculo de pólvora a espera do grande despacho; Moisés então começou a sessão batendo atabaque e cantando assim: - Estou chegando nesta roda de trabalho. Estou trazendo meu peru para rodar. O peru está com fome. Tá querendo bolinho de fubá. As mulheres respondiam em coro: - Nós temos, mas não podemos dar. O bolinho é de trigo. O peru é enjoado. É capaz de não gostar. Ao término da cantoria, Moisés tira de dentro do atabaque o seu peru de cabeça roxa; o bicho trançando pernas, totalmente tonto começa a rodar tentando sair de dentro do círculo, mas não consegue; Moisés então mete fogo no círculo de pólvora e grita: - Sai peru! Sai peru! Um fumação desgraçado tomou conta do espaço, e o peru então completamente mole e despenado pula pra fora do círculo, caindo nos braços do Alvinho. Moisés manda Alvinho jogar o peru despenado no quintal do vizinho político. No outro dia, Alvinho chegou ao trabalho com a boca grudada na orelha, satisfeito e feliz da vida, por que a macumba deu certo. O vizinho sumiu do mapa e ainda por cima carregou o peru de cabeça roxa, junto com suas bagagens.” Em seus contos, João de Souza costumava escrever ainda uma frase que naquele dia 09/08/2002 foi a seguinte, do samba de Martinho da vila: “Macumba na cozinha sinhá não qué, por causa da macumba quebrei meu pé.” Saudades do João!
Pois é meu amigo Celsinho, atabaque eu tenho um, fica por sua conta arrumar um peru de cabeça roxa, e vamos nós mesmos fazer o trabalhinho para consertar a embromation da politication da nossa Ubatubation.
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