Tevê à manivela
Sinal dos tempos? Ou algo assim que lembro ter lido quando pequenininho (só não me apoquente de quem escreveu) “que a máquina o fará por nós”? Na dúvida, recorra ao pai-Google que ele te responde em cima da letra. Pois muito bem, chamam a isso evolução dos tempos. Tempos modernos (embora em alguns casos bicudos), nova era. Nova geração. Tudo ao seu alcance, nada de latas velhas que o Luciano Huck tem que reformar. Como num passe de mágica e você pode tudo. Até mesmo ficar livre de cair no vazio, no oco do mundo, ops. Óbvio, e bem mais pelo já dito, a máquina o fará ao poder das suas mãos. Na ponta dos dedos e tudo se realiza muito antes do ano que está para nascer. Algo assim como num pequeno disfarce da Síndrome de Proteus ou perto da lenda européia de Prometheus, escrita pelo alemão Goethe e que dura há quase 3000 anos. Com tanta evolução, quando a preferência nacional da galera informatizada é pronunciar Very goody ao invés do popular “obrigadu por me ajudar a pensar” perto desse bicho de sete cabeças da net que foi parar direto na telinha. Ademã, e também de leve, como não vamos perguntar do verdadeiro porque daquele outrora bom velhinho, diga-se lá, o Otto Niemann (Marcos Caruso, de “Tempos Modernos”) ter se tornado tão maquiavélico daquele jeito, a interpretação vale até para o mundo real agora visto além dessa chamada terceira dimensão e se o Joãozinho ou a Mariazinha bobear vira personagem de plasma por tabela. Só não pode ser do naipe de enfunar a vida um do outro e que no duplo sentido de “comer, trair e atuar”, basta começar. E uau! Já pensou da Maitê-Passione-Proença, virtual, magérrima, na sua sala de estar! Você ali, honesto trabalhador esticado na poltrona do papai, participando da cena proibida para menores de 12 anos! Meus Deus! Tirem as crianças da sala e não vamos esquecer que agora temos dublês de corpo (vide “Passione”) na pele de strippers. Para quem flagrou as tomadas da Mariana Ximenes, a ex-enfermeira Clara Medeiros vestida de noiva no pole dance, deu para notar o quanto evoluímos no quesito (a)trair e mui bem começar. Chamassem o Berlusconi (aquele ministro italiano do escândalo da surumba, recentemente de passagem por aqui) para participar do “polidation” global, bolas. E alto lá! Numa única linha, se não é à toa que as boas fábulas livres de pedágio já foram contadas, será que estamos preparados para repetir o mesmo erro mais uma vez? Quem não ouviu falar do nosso (ex-ministro) Charles Darwin Junior na sua árdua luta pela evolução (e preservação) da espécie politicamente correta, hein? Registre: Em 3D tudo pode ficar mais perto de você. E nada de sentir falta de memória virtual, ter que comprar óculos escuros do tipo mais em conta, endoidar procurando o sinal – celulares? – que ela aparece como num passe de mágica. Carcaças recicláveis temos aos montões! Colocar mais objetos “memoir” na memória faz bem a qualquer vendedor de aparelhos de última geração. Yes!!! Sinal dos tempos, amiguinho, sinal dos tempos. E só para tocar um pouco mais na ferida, com essa evolução toda de tecnologia de ponta (até de estoque) será que ainda vamos ter aquela famosa sinfonia em Dó Menor pelo Hexa made in Brazil? Nessa (dizem) teve até girafa que encolheu o pescoço na hora da chegada da nossa comitiva brasileira “South Africa”. Sinfonia, aliás, de fazer inveja a qualquer Ray Conniff que se preze. E chega de explicações. Como? Vacilão, eu? Se por falta de memória virtual durante a minha próxima sessons “World Coup Fifa”, nem pro Júlio, nem pro Cesar! Nada de falar da existência (e preservação) do melhor do mundo. Na hora do gol, Chapinha, se bobear os frangos engolimos em vastas e ampliadas passarelas, capite? Cair no vazio é uma coisa, no oco do... é pior ainda. Porém, só não me demitam (nem apoquentem) por e-mail porque prefiro ser demitido por inteiro. Ainda tenho o Soneca, Dengoso, Feliz, Atchim, Mestre e o Zangado como inseparáveis companheiros. Sem nada maldizer da (in)fiel Branca de Neve que, infelizmente, desta vez acabou envenenada por uma laranja mecânica. Sou o “professor” dessa sabatinada pelada! E se nas ruas, nos bares e lares o tira-teima não pegou... Mundinho estranho este, principalmente quando não temos sequer vida própria. - O controle (e meus óculos escuros), por favor. Que a minha telenovela 3D de carteirinha assinada vai começar.
Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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