Julinho Mendes | |
Em 12 de abril de 1961, lá do espaço, a bordo do Vostok I, Yuri Gagarin falou três frases que marcaram e que o mundo inteiro ouviu: “A Terra é azul”, “Olhei para todos os lados, mas não vi Deus” e a terceira “Estou vendo uma figueira”. Esta última frase encabulou os cientistas na base de operação aqui na Terra. - Que diabo de figueira Gagarin está falando? - Era o que, durante algum tempo, indagaram os técnicos e cientistas da base, mas depois esqueceram do assunto. Estamos em pleno I Festival da Mata Atlântica. Aproveito, já de início, para parabenizar todos os envolvidos na realização e coordenação, os apoiadores e os parceiros do evento. Ubatuba é o município com maior porcentagem em preservação da Mata Atlântica, são 85% de vegetação preservada. Essa porcentagem seria bem maior se no bairro da Fazenda da Caixa deixassem os caiçaras plantar a árvore da mandioca pra produção de farinha e na orla da praia do Itaguá proibissem a derrubada e queimada do jundu, frente a alguns restaurantes ali estabelecidos. Na agenda, que iniciou em 7 de maio e vai até 5 de junho, apresentada no cartaz de divulgação do I Festival da Mata Atlântica, embora recheada de atividades, uma injustiça foi cometida. Não! Injustiça, não! Vamos dizer então, um esquecimento que poderá ser corrigido no segundo evento. Essas coisas acontecem! Talvez até seja porque estejam tão acostumados em vê-la diariamente que não a percebem em seus dia a dias. Mas Yuri Gagarin, lá do espaço, não deixou de percebê-la, e assim falou: “Estou vendo uma figueira”. O esquecimento a que me refiro é em não homenagearem uma árvore, uma gigante com mais de trezentos anos e que vive entre nós, nos dá ar puro, sombra fresca, atrai diversas espécies de passarinhos, morcegos, insetos... Nela mora um saci! Refiro-me a figueira da rua Cunhambebe, a única e esplendorosa árvore na urbanidade de nosso Centro. Semana passada ela escreveu suas memórias. Seu relato, além de tudo, nos fez perceber um temor; a de ser cortada a qualquer momento, assim como ocorreu com suas irmãs. Ela não tem medo de morrer, mas não gostaria de morrer de forma trágica! Morrer pelas mãos do homem. Do homem a quem ela só fez o bem! Com certeza, agora mais do que nunca, Yuri Gagarin continua vendo a nossa figueira e lá de cima reza para que homem nenhum a mate. Depois de amanhã, Yuri terá uma reunião com Deus e vai pedir ao Mestre Criador para botar na cabeça do vereador Silvinho Brandão um projeto de lei em proteção à nossa figueira. Silvinho Brandão se prepare que em breve você vai ouvir uma frase em russo. Não tenha medo, a voz será de Gagarin e logicamente que o nobre vereador não vai entender nada, mas vamos aqui antecipar a tradução: “Prezado Silvinho, o Museu Caiçara fará uma indicação para que de forma oficial, você, através da Câmara Municipal, faça uma homenagem à figueira da rua Cunhambebe”. Viva Yuri Gagarin, que lá do céu viu que a Terra é azul e que enxergou a figueira da rua Cunhambebe. De qualquer forma, já que não lembraram da nossa figueira nesse I Festival da Mata Atlântica, nós, aqui d’O Guaruçá (editor, colunistas e leitores), junto com a Associação Amigos do Museu Caiçara, faremos a nossa homenagem. Viva a Figueira da rua Cunhambebe! A árvore símbolo do nosso centro urbano. Na próxima semana, você leitor, poderá, de forma oficial ser amigo da figueira e receberá um certificado “Sou amigo da figueira”. Aguarde!
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