(Pequena homenagem a Nelson Rodrigues)
Meus amigos, ontem à noite no estádio do Pacaembu, na capital paulista, tivemos um confronto memorável entre as equipes mais populares do futebol brasileiro. De um lado o Corinthians com seus agora completos 100 anos de tradição e história. Do outro lado, o não menos tradicional rubro-negro carioca, dono da maior torcida do futebol brasileiro. Foi um duelo de titãs. Destes que ficarão na memória coletiva e afetiva de todos que viram. Torcedores, comentaristas, palpiteiros, curiosos, vendedores, flanelinhas, todos foram testemunhas da histórica noite de ontem. O Corinthians, que como num passe de mágica, possuído talvez por uma força demoníaca, quase divina, começou de forma incisiva, não dando espaços ao time do Flamengo, que acuado diante do ímpeto de seu adversário procurou as cordas e se defendeu como pode. Fosse uma luta de boxe, eu diria que o Flamengo tinha ido a knock down no primeiro tempo. O glorioso Flamengo beijou a lona por duas vezes. Não foi o suficiente. O gigante rubro-negro absorveu os golpes, se levantou e pô-se a lutar novamente. No segundo tempo, após o gol de Vagner Love, o Flamengo passou administrar o duelo, e em nenhum momento foi ameaçado por seu oponente, já cansado, abatido, amedrontado e sem forças para a reação. Amigos, eu vi... O Manto Sagrado (Nelson Rodrigues)
“Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo, a camisa é tudo. Já têm acontecido várias vezes o seguinte: Quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada por invisíveis mãos a tremular. O adversário, juízes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará à camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável.”
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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