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- Pescadores, preparem suas redes, suas canoas e seus dons de pescar, em breve elas vão chegar. “As tainhas”. De agosto a dezembro, em processo natural de preservação de espécie, as tainhas desovam; nascem os alevinos que vão crescendo, muitos servindo à cadeia alimentar de outras espécies, e milhões de outros se preparando para servirem também de alimento ao homem, e se transformam em peixes grandes. Tudo isso acontecendo em grandes e pequenos rios e seus respectivos mangues; mas o grande berçário, o grande viveiro natural fica no sul do país, uma laguna chamada Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Acompanhamos pela TV o anúncio e a chegada de uma ressaca atingindo todo litoral brasileiro, começando no sul e dirigindo-se ao litoral nordestino. Essa ressaca, muito antes da existência da televisão, todos os anos e no início de outono, já era esperada pelos povos do mar. Vem a ressaca, atrás vem os peixes! Pela sua força, essa maré grande faz abrir e dar vazão às desembocaduras dos rios, abrindo a porta do mar para as tainhas, que todos os anos cumprem a vocação que Deus lhe deu: alimentar o povo brasileiro em seu mais variado prato de culinária. Tainha é peixe sagrado, traz em cada uma de suas escamas a imagem de Nossa Senhora. A ressaca só é ruim para os desventurados, que por um motivo ou outro, destruíram os jundus das praias com construções de mansões e quiosques, hoje sofrem e sofrerão o efeito desse fenômeno, que com certeza cobra o lugar que é seu de direito. E contra as forças da natureza não tem homem e nem construção que resista! As tainhas ainda não chegaram, mas com certeza chegarão e enquanto isso não acontece pescadores procuram meios de sobreviver com alguns transatlânticos que inesperadamente aportam em nossa baía.
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