Com imagens de uma reunião interna corporativa, aonde a pauta girava em torno da necessidade do aumento da arrecadação, a Igreja Universal do Reino de Deus, mais uma vez, volta às manchetes e mostra porque se tornou um império financeiro da indústria da fé. Sob o manto da teologia da prosperidade, teoria feita sob medida aos interesses dos que a pregam, a igreja cresceu de forma surpreendente nos últimos anos, confirmando a crença de seus pregadores, isto é, a sua prosperidade. São milhões e milhões arrecadados de seus fiéis mensalmente em troca da promessa de uma vida melhor. Por que conhecer o paraíso só após a morte se os verdadeiramente fiéis a Deus podem conhecer o paraíso aqui em vida? A casa própria, o carro do ano, saúde, um bom emprego, podem ser adquiridos por seus fiéis mediante uma contribuição mensal feita religiosamente em favor da Igreja Universal. É mais ou menos como se fôssemos ao supermercado e comprássemos um quilo de felicidade ou meia dúzia de realizações. Esse é o mote. Com técnicas comerciais modernas, gente bem treinada e um produto de forte apelo popular, a Igreja Universal se tornou um ícone da indústria da fé. O vídeo divulgado, filmado por um dissidente da igreja, mostra um pastor dirigente falando a outros pastores, sobre a necessidade do aumento na arrecadação para fazer frente à crise financeira que se abatia sobre o país a época. Questionados sobre a ética de suas pregações, responderam que estão em plena sintonia com aquilo que acreditam, isto é, a prosperidade material. Com o forte crescimento da Igreja Universal, e em nome do sincretismo religioso e a diversidade da fé, muitas outras igrejas surgiram ao longo dos últimos anos, reforçando a tese do enfraquecimento do discurso da Igreja Católica que prega a salvação da alma e o desapego as coisas materiais. Discussões éticas à parte, o fato é que elas estão aí por toda parte com grande penetração e influência em todas as camadas da sociedade brasileira, inclusive nos meios políticos. Eu, de minha parte, acredito sinceramente que a prosperidade financeira é alcançada com muito trabalho, muita dedicação, alguma sorte e principalmente talento naquilo que se faz. A fórmula do sucesso material, talvez seja esta, o resto Deus dá. Eleger a roupa de grife, o carro do ano, a casa própria como os símbolos supremos de nossa felicidade existencial, e colocar tudo isso a venda nos balcões das igrejas ao alcance de todos os fiéis, me perdoem, mas soa como propaganda enganosa. E de propaganda enganosa, meus amigos, já estamos cheios. Que Deus salve todos nós.
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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