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Esse fato aconteceu no último feriado da Sexta-feira da Paixão, dia em que, tanto o brasileiro como o português católico só comem peixe. São inúmeros os pratos preparados com peixe e aqui em nossa região o que se destaca é o Azul-marinho. Mas como a criatividade humana não tem limite, e até por questões de buscar alternativas, chamar atenção e atrair freguesia, um inteligentíssimo português num restaurante em nossa cidade, criou o Azul-marinho de bacalhau (bacalhau com banana verde). Idéia fantástica que atraiu não só degustadores brasileiros, como também europeus. Eram só dois, mas eram europeus, turista de Portugal, e ainda por cima, políticos, ve-re-a-do-res de uma cidade de lá. Ao saberem do tal prato, não pensaram duas vezes, imediatamente criaram projeto de lei para que eles próprios viessem ao Brasil, conhecer, degustar e voltar a Portugal com a receita do azul-marinho de bacalhau. Manoel Lopes, lusitano legítimo, sem contar o litro de azeite que bebeu, comeu 6,354 kg do bacalhau com banana verde e Çilvo Brahmbão, esse, pelo nome, percebe-se ser descendente de viking norueguês, portanto grande comedô de peixe, comeu 9,250 kg do acaiçarado bacalhau e ainda 78 azeitonas pretas com caroço e tudo. Comeram sem miséria e saíram a passear pela orla do Itaguá, quando, de repente, avistaram monstruoso esqueleto: - Nooooossa Çilvo, que esqueleto é aquele? - perguntou Manoel Lopes. - Não tá vendo companheiro de bancada que é um esqueleto de peixe-galo? - Deixe de ser burro rapaz, peixe-galo tem cabeça. Isso aí é esqueleto de bacalhau! - Éééé, tem razão e faz sentido, brasileiro acha que bacalhau não tem cabeça. - E não é só isso companheiro Çilvo, esse monumento é uma homenagem ao azul-marinho de bacalhau que acabamos de apreciar, criado pelo conterrâneo do restaurante. Manoel Lopes que lá em Portugal é considerado o vereador das moções, inclusive se reelegeu só com votos de homenageados das mais de três mil e quinhentas moções dadas em seu primeiro mandato, pra não perder o costume, assim falou: - Companheiro Çilvo, chegando em Portugal a primeira coisa que vou fazer é preparar uma moção honrosa ao nosso português do restaurante daqui de Ubatuba. - Poxa Manoel, você é fominha, deixa eu fazer essa moção? - Não! Eu sou o rei das moções! - Mas não é o galo que merece a moção? - Quê galo, rapaz? - Você não falou que ia fazer uma moção ao dono do galo campeão da briga de galo que vimos lá na Ilha da Madeira? - Aaaaah! A moção ao dono daquele galo eu já dei faz tempo! Naquela sessão dei quatro moções de uma só vez. Dei pra o galo, para o dono do galo, dei para o vice-campeão de truco do bar do Joaquim e dei ainda para o último colocado no campeonato de frescobol lá da praia do Frescal! - Por que não deu a moção aos campeões? - Porque para os campeões eu já dei no mês passado e o último lugar também merece apoio! - É Manoel, assim você vai ser o prefeito da cidade, só com moções. - Nasci pra dar moções, companheiro Çilvo. Vamos andando. E os dois saíram felizes e de barriguinha cheia pelos caminhos de Anchieta, fazendo fon-fon (saudação portuguesa) pra todos que encontravam pelo caminho...
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