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COLUNISTA
Julinho Mendes
24/02/2010 - 06h06
Carnaval bombástico em Ubatuba
 
 
Luiz Moura 

Estão vendo a faca na imagem acima? Foi presente que ganhei do Arnaldo, empresário de Nova Andradina (MS), que vinha exclusivamente para participar de nosso carnaval e com a família e amigos formavam uma ala na GRES Império da Estufa, campeã do último carnaval com escolas de samba em Ubatuba, isso há 12 anos atrás. Nunca mais tive notícias do Arnaldo!

Os três últimos administradores de nossa cidade, em termos culturais e carnavalescos fizeram o seguinte: o primeiro demarcou a sete palmos o local do buraco, o segundo abriu a cova e o terceiro enterrou. O que plantaram? Plantaram a semente da ignorância cultural! A semente germinou e nesse carnaval a árvore deu seus frutos: intolerância, tiros de festins, balas de borracha, gás lacrimogêneo, spray de pimenta, bomba de efeito moral, cassetetes, porradas, ferimentos e sangue. E a nossa avenida Iperoig, antigamente cenário de grandes carnavais, de memoráveis desfiles cívicos, de enfeites natalinos e carnavalescos, transformou-se em praça de guerra, com jardins de tijolinhos pavers, mendigos cagalhões e burrinhos mijalhões.

“Quando não se planta cultura, educação e conscientização, o que se tem é degradação e terror” (palavras do filósofo picinguabano “Palombeto Cangauá”). Ele ainda diz: “Acredito que a pior catástrofe que uma cidade pode ter é a ignorância e a inconsciência cultural de quem a governa”. Estamos vivendo esta catástrofe!

Será que “O Estado mórbido da cultura local”, e agora catastrófico, vai permanecer?

Mas nem tudo foi bombástico em nosso carnaval, fantástico foi o carnaval de marchinhas. Quero aqui parabenizar os compositores e interpretes, os músicos, o público e aos organizadores do V Festival de Marchinhas Carnavalescas de Ubatuba, foi realmente um espetáculo de paz, alegria e cultura. Ah! E nesse festival de marchinhas, a comprovação de que não temos perspectivas de dias melhores para nossa cultura, foi mais uma vez a AUSÊNCIA de nossos “pretensos políticos” prestigiando o evento, apenas teve um e outro que pôs a carinha e se mandou! Cá pra nós: os caras estão com os burros nas sombras; pra que dar sorriso falso e encher a mão de calos fora da época de eleições?

Quero dizer outra coisa aos senhores politiqueiros, agentes de trânsito, secretário de Segurança e de Turismo: se não fecharem o trânsito, se não derem segurança e principalmente opção de divertimento durante o carnaval na avenida Iperoig para jovens, adolescentes e turistas, os mesmos irão invadir a “praça do coreto” e irão acabar com o familiar carnaval de marchinhas que acontece na Praça da Matriz. Lembrando que no último dia, no carnaval da pracinha, já houve intervenção da Guarda Municipal contra esses elementos.

E as más-línguas estão dizendo que o incentivo ao bombardeio na avenida Iperoig se deve ao grupo O Guaruçá – folclórico e alegórico, que em seu “Carnaval do bloco parado” cantou com efervescência a marchinha do Homem-bomba, que diz assim:

Eu sou terrorista de araque
E venho lá do Iraque
Pra mostrar que sou terror
Vem mulherada me agarre, me aperte
Eu sou o homem-bomba explodindo de amor (bis)

Pum, pum, pum, pum, pum
Pum, pum, pum, pum, pum

Explode coração
Espalhe a paixão
E mate todo mundo de amor. (bis)

E os caras meteram bomba, pensando que ia chover mulher para lhes agarrarem e lhes apertarem! Mas o tiro, literalmente, saiu pela culatra.

E mais uma vez Ubatuba foi manchete de notícia ruim. A que ou a quem se deve isso? À mídia que tem o dever de mostrar os fatos, ou à falta de planejamento e seriedade que se deve ter com o carnaval?

Carnaval é coisa séria, e cidades com governantes inteligentes vêem no carnaval motivo de desenvolvimento econômico, turístico e social.

Aqui em Ubatuba não pode música nos quiosques, não pode samba nas praias, não incentivam blocos carnavalescos, não apóiam grupos folclóricos. Para onde vamos?

A moda agora é andar de marcha à ré / Porque detrás se vê a frente / E aqui atrás, só tem a gente // Não quero deixar raiz / Em fila de hospital / Como posso ser feliz / Onde não tem Carnaval” (como disse a poetisa).

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