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COLUNISTA
Celso Fernandes
15/02/2010 - 12h02
O “abre-alas” que eu quero passar
 
 
Tevê à manivela

Então, já que é carnaval, que a carne é fraca e que muita gente (não) merece... render-se aos prazeres da mesma, por esses dias, vai da receita do “festeje com moderação”. Principalmente quando você estiver no meio do salão. Quanto aos mais de mil palhaços, bom, fazendo as contas perto de tanta evolução escondida, com muitos pretendentes querendo botar as manguinhas de fora é algo mesmo para os foliões.

O que, correr atrás de uma palhinha ainda do furacão Beyoncé que passou por essas terras – podemos falar –, só faltou mesmo um bom tradutor para entender o que ela cantou, sacudindo a multidão. Em inglês nos entendemos? “Alegria, alegria”. Agora ficamos por conta dos covers plantonistas. E não vamos esquecer também da eletrizante Alicia Keys em parceria com a atual diva do pop ao estilo sexy appeal dentre outras celebridades que andam baixando por aqui. Em peso, no musical e em osso, né? Claro, como vivemos na era da internet, baixando tudo o quanto é arquivo, temos até aqueles que foram faturar alto lá fora no “pimba na gorduchinha” – como dizia o Osmar Santos –, mas que agora vieram chupar o dedo em campos nationales, ops. Se a torcida gosta... Ou, yes!

Nosso Brasil é mesmo lindo e maravilhoso, palco dos mais frondosos espetáculos e não há porque não dizer também que o palco realmente é sempre iluminado. O “abre-alas” (da Chiquinha Gonzaga) é geral! E vamos aos sambódromos com muito samba no pé, lembrando que a cantiga da “Jardineira”, que mostrava-se tão triste – tal aquelas mais tradicionais, dos velhos tempos – não morreu. E “Se a canoa não virar, olê, olê, olá”, hoje também faz um estandarte nos bailes mais tradicionais e que também Carmem Miranda vai completar mais cem anos no nosso tropicalismo cultural. O “Tique-Taque do Meu Coração” da imortal coroada de cachos de banana no alto da cabeça remonta mais que qualquer saudosismo perto do título do “O que é que a Baiana Tem?”. Aliás, e como tem! Fanfarronices é que não faltam.

E como a partir da origem dessa festa do povo talvez de verdade nunca tenha sido mesmo aquela do “adeus à carne” ou do “carna vale”, não vamos esquecer do glamour que vem por aí durante esse período de comemorações. Quando, ainda, nossas musas e rainhas desfilam brilhantes frente a uma nudez que todo mundo aplaude em ver! Não é à toa que o pecado (da carne fraca, como asseguram) morar sempre ao lado. Ou que “toda nudez será castigada” (do anjo maldito Nelson Rodrigues) tenha perdido a etiqueta de validade. Afinal, o culto não seria outro.

Vale a letra: “Vou beijar-te agora. Não me leve a mal. (...) Tanto riso, oh, quanta alegria...”, pois, sim, somente em resgatar as origens na escolha que é sua. Salvo causos, dar uma “espiadinha”, mesmo que seja “na geral” dos camarotes, é sempre uma boa oportunidade para curar qualquer olheira que passe despercebida.

Vamos lá, minha gente! Depois da quarta-feira de cinzas eu volto. Porque por hora eu quero mais é botar o meu bloco na rua. Do jeito que o diabo gosta. Me aguardem...


Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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