Você acredita em tudo o que lê aqui, na revista eletrônica O Guaruçá, de Ubatuba? Eu não. Se acreditasse, buscaria abóboras com camarão na praia da Enseada, aqui pertinho, farinha de mandioca com gosto de cará ou, até, cantorias noturnas, coisas dos bardos aqui da terra, que fazem ouvir o Boi de Conchas. Eu, hein? Simplesmente não acredito. Ou, dizendo melhor, acredito sim, porque acredito até em Saci, o Pererê, o que nasce nos gomos do taquaruçu, meu símbolo (avatar, na linguagem internética da moda) no MSN familiar (a menos que você entre para a família, nem me peça o endereço). Mas só no sentido folclórico, aquele preservado em belos textos, ninado, embalado ao som de violão e ratambufe pelo Julinho. Um parêntese. Em 13/1/2002 um tal de Júlio César Mendes, certeiro, ainda permitia dúvida: "Acredite ou não, o boi aparecerá, saindo do mar toda vez que se fizer ouvir o som de viola, pandeiro, ratambufe..." No entanto, não acredito nos Dirceus militares da vida, nos Constantinos, nos Parlata, nos Milênio, naquela porção de frequentadores (como escritores) do espaço "Opinião" de O Guaruçá, sempre opinião da direita, mas não da direita inteligente como, afinal, é a do Alexandru Solomon, prata aqui da casa. Não acredito, algo que poderia ser traduzido por "não concordo" (afinal, opinião não pede fé, mas apenas concordância ou discordância), ainda que leia e respeite os textos que demonstram inteligência. Foi com o pé atrás, portanto, que li, aqui em O Guaruçá, a grande notícia de que, afinal, tenho a chance de deixar de ser um excluído digital. Poderei contar com a Telefonica de Espanha, proprietária da Telecomunicações de São Paulo - Telesp, para ter acesso a banda larga por módicos quase 30 reais, benesse do governo do Chirico Serra. Basta me inscrever, que ganharei modem, instalação e provedor. Maravilha. Tenho dois modens novinhos, zero bala, jamais usados, que a Telefonica (sem o acento circunflexo no segundo "e", pois falamos da espanhola Telefonica, algo que, em som do português do Brasil soaria como um diminutivo, "telefoníca", que é o que é) de Espanha me entregou, aqui no Perequê-Mirim, prometendo mundos e fundos de 1 Mbps (mega-bits por segundo, ou o popular "um mega" de velocidade). Isso, claro, antes de ser proibida pela Anatel de comercializar fumaça, promessas que não poderia cumprir. Não cumpriu as promessas. Moro no Perequê-Mirim (sim, o bairro da praia permanentemente poluída, bandeira vermelha da CETESB), onde, se tenho alguma precária internet (precária porque, afinal, tudo desemboca na Telefonica Data), devo à empresa Trix, cá da terra. Está lançado o desafio. Se, depois de um necessário razoável tempo (cinco dias após a contratação) contado desde a data-base de 24 de fevereiro de 2010, tiver aqui, no Perequê-Mirim, banda larga via Telefonica, fato a ser atestado publicamente pela revista O Guaruçá, passarei a acreditar (ainda que apenas folcloricamente) no Dirceu militar, no Constantino ultra (direita), na Parlata e no Milênio, bem como em toda a "Opinião" desta revista. E, claro, de sobra, no Chirico Serra, a quem, caso funcione a banda larga da Telefonica no Perequê-Mirim até, digamos, 30 de fevereiro, prometo cogitar de entregar meu voto. Nota do Editor: Elcio Machado (elciomachado@ubaweb.zzn.com), 55, é recém-ingresso na tribo dos Bebe, à espera de ser batizado como Elciobebe, caiçara em construção. Mantém o blog Exercícios de Cidadania (cidadania-e.blogspot.com).
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