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COLUNISTA
Alex Frederick
03/02/2010 - 18h00
Houve uma vez um Rock in Rio, pena.
 
 

Em agosto do ano passado, publiquei um artigo nesta revista eletrônica O Guaruçá, falando de Belchior, que na época virara notícia no Fantástico e em toda mídia nacional por seu suposto desaparecimento. Achado, foi entrevistado, e com a elegância de sempre respondeu as perguntas feitas pela repórter, pediu licença e mais uma vez saiu de cena, sumiu.

Belchior é só mais um (Gigante) entre tantos, que sumiram nos últimos anos na MPB.

Falta de talento seria um argumento simplista demais e pouco inteligente para explicar a precoce aposentadoria de tanta gente boa que um dia puseram o pé na profissão. O que talvez ajude a entender um pouco o gradual desaparecimento de nossos gigantes da MPB é em parte o fato da adoção pelos produtores musicais brasileiros de um modelo de negócios baseado na exploração maciça de um determinado estilo musical, em detrimento de todos os outros.

Não cabe aqui, questionar o modelo econômico adotado pelos empresários do setor, afinal ganhar dinheiro não é pecado. Mas cabe sim o questionamento da qualidade do produto gerado deste modelo.

Tudo começou com o chamado BRock (Rock Brasil) onde qualquer formação básica baixo, bateria, guitarra e vocal, virava sucesso nacional. Tiveram seu ápice no Rock in Rio de 1985 e gente como Cazuza, Herbert Viana e Renato Russo davam qualidade às composições da época. Depois disso, de virarem bagaço nas mãos dos produtores musicais, foram trocados pelos pagodeiros, depois pelos pagodeiros românticos, depois pelos sertanejos, depois pelas bundas, depois pelo axé, depois pelo axé e pelas bundas, e vem sendo assim até os dias de hoje. E sem data para terminar.

O Rock in Rio completou 25 anos no mês passado. Não há o que comemorar.

Pena que seja assim. Que assim seja.


Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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