A temperatura anda quente nas areias de Ubatuba neste começo de 2010. Depois que o judiciário proibiu a utilização de mesas e cadeiras dos quiosques nas areias da praia, temos visto diversas manifestações a favor da decisão e também contrárias a ela. Mais a favor do que contrária, diga-se de passagem. Sob a alegação de que já havia uma regulamentação municipal sobre o tema, na qual cada quiosque poderia utilizar até 30 mesas com 4 cadeiras nas areias, curiosamente a Prefeitura motivada por questões incompreensíveis, recorrerá da decisão. Desta forma, e na contramão do bom censo, ela estará indo contra uma decisão que contempla, entre outras coisas, a humanização e a civilidade nas relações econômicas em solo público e a preservação da qualidade de nossas praias que, assim como as calçadas e avenidas da cidade, são de uso comum a todos e não território privativo de alguns. É bom que se diga que não se trata de uma guerra contra os comerciantes do setor, que entre outras coisas, merecem todo o respeito e consideração, enquanto agentes econômicos que criam empregos, geram riquezas e fazem girar a economia. Mas lotear a areia das praias como forma de turbinar suas vendas, fere alguns direitos dos cidadãos. É bom que se diga também que, com a decisão, não se está proibindo o comércio nas praias, mas sim, procurando organizar e humanizar esta atividade, para que a praia não se descaracterize como meio de lazer e venha se tornar apenas um cenário para se ganhar dinheiro. Ubatuba precisa fazer suas escolhas. Fala-se tanto em melhorar o nível dos nossos turistas que quando se tem a oportunidade de sair do discurso fácil para as atitudes concretas e corajosas, que realmente vão ao encontro desses objetivos, esbarra-se em um sem número de interesses para lá de inconfessáveis. Talvez seja o momento adequado para os quiosqueiros repensarem seu modelo de negócio. Num primeiro momento, talvez seja difícil para todos suportarem a perda da receita vinda das mesas. Mas num segundo momento, a tendência é que estas receitas voltem através de outras formas e canais de atendimento e vendas. O desafio será desenvolver novos mecanismos de abordagem que não agridam o direito das pessoas. Afinal, os clientes estarão ali, a poucos metros de distância, ávidos por cervejinha gelada, camarãozinho frito, peixinho, suco geladinho, refrigerantes...
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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