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De início peço ajuda ao amigo para assuntos genealógicos, o Eduardo que é Souza mas não é César, para esclarecer a mim e a diversos ubatubanos, o seguinte: Qual era realmente o nome correto: Zé Capão, Zeca Pão ou Zecapão? Enquanto a população aguarda ansiosamente a precisa resposta do amigo Eduardo Souza, continuo. Foi do saudoso José Vieira Mendes, a silhueta emprestada à construção do “Monumento ao Caiçara”, erguido no trevo para Taubaté; fotografia esta elaborada por Edson Silva. Diz a lenda que o famoso e sábio ditado caiçara: “Em briga de pedra e mar, quem apanha é o guaiá.”, foi inteligentemente criado pelo saudoso Zé. Transferindo o ditado, da costeira para a praia, eu refaço a frase: “Em briga de quiosqueiro e judiciário, quem apanha é o guaruçá” (guaruçá é um caranguejo amarelinho que vive na praia dentro de seu buraquinho). Viu amigo Elcio? Devo explicar, porque o amigo Elcio é novo na terra dos Bebe e precisa se inteirar também da fauna e flora do lugar. Mas voltando ao assunto, lembro ainda que essa briga já extinguiu muitos jundus de nossas praias e cortou a língua, emudecendo as areias que gritavam e rangiam sob nossos pisares. É Sr. Elcio, as areias de nossas praias, em tempos idos, rangiam também! Era bonito de se ouvir a orquestra das areias! Sobre a questão dos quiosques da praia Grande, Tenório e outras praias, a verdade é a seguinte: existiam ali, não faz muito tempo, apenas o jundu (vegetação que sucede a praia). Em determinadas praias, por necessidade de preservar suas canoas e apetrechos de pesca, o pescador caiçara construía, de forma rudimentar, os seus “ranchinhos de pesca”. Com o “desenvolvimento turístico” único e exclusivamente voltado às nossas praias e sem preocupação com o “hoje” e, na época, sem leis ambientais específicas, foram permitindo edificações, que a princípio eram ranchinhos de madeiras e depois passaram para alvenaria. O negócio foi crescendo e, em concreto e ferragens, os quiosques foram reforçados, e ficaram cada vez mais numerosos e rentáveis, e foram, de certa forma, financiando campanhas políticas. Com o número de turistas aumentando cada vez mais, os quiosques foram engordando pelas laterais, e a politicagem foi dando corda e os quiosqueiros ampliando seus negócios, tanto subterrâneos como à prumo zênite; os quiosques foram virando palácios, com direito a elevador e tudo... Politiqueiros de plantão, quiosqueiros de servidão e o Plano Diretor engavetado, o negócio invade as areias das praias com mesas, cadeiras e chapéus-de-sol, sem contar ainda com os ambulantes vendendo sorvetes, espetinhos de camarão, forninho fumegando com espetinho de queijo, redes nordestinas, óculos de sol, tatuagem... tudo isso perturbando e tirando a liberdade do principal fomentador do desenvolvimento econômico da cidade, o veranista. Tudo em plena areia de praia, destruindo o habitat de diversas espécies. Nessas alturas: coitado dos guaruçás! E vamos ser conscienciosos: se a justiça não intervir, com certeza ano que vem teremos mesas e cadeiras no lagamá, e depois, mesas e cadeiras flutuantes no meio do mar; e os quiosqueiros e os politiqueiros, só no rá-rá-rá-rá-rá-rá, aprovo, aprovo, aprovo... Deram a unha, pegaram o dedo. Deram o dedo, pegaram a mão. Deram a mão, pegaram o braço... Daqui a pouco vai ter quiosque no fundo do mar. Dos politiqueiros que estão aí, não espero mais nada, mas tenho esperança que ainda teremos novos político com visão de futuro, que desengavetem tanto o Plano Diretor como o projeto de lei de ocupação de uso do solo, que deixem de politiqueira barata e cuidem de forma racional e inteligente os nossos guaruçazinhos dos ovos de ouro. Éééé minha gente! E tinha razão o Zecapão, Zé Capão ou Zeca Pão?!
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