A palavra de ouro do Julinho, em Patrocinado por nós mesmos, é educar: "levar cultura, de educar... tudo isso é o ouro do grupo cultural O Guaruçá - folclórico alegórico de Ubatuba." Educação é palavra-chave, sempre foi, mas neste sensível momento de transição do Brasil é a palavra-chave fundamental, é a palavra de ouro. Educar não é apenas construir escolas. Cada pessoa tem o dever de se integrar ao esforço educacional. É o que faz o grupo cultural O Guaruçá - Folclórico e Alegórico, ao ensinar, conscientizar, transformar, contribuir com o crescimento cultural de crianças, jovens e adultos. E não faz isso de cara feia, não: faz com prazer, com alegria, esparrama alegria por onde passa, tudo isso patrocinado pelos próprios integrantes, com alguns poucos mas significativos apoios. Pisa, é certo, em alguns calos, porque isso é inevitável. Mas no que pisa mesmo é nas perfumadas folhas de canela, sem chutar a canela de ninguém. Segue em frente sem patrocínio oficial, sem a mais leve sombra de politicagem (como bem lembrou o Luiz Moura ). Mas, afinal, o Julinho pede desculpas: "Enfim, peço desculpas pela falta de modéstia, pela arrogância talvez, mas é fato." Arrogância, certamente, não, se bem que só quem faz pode ser arrogante. Não era de uma arrogância sem tamanho o médico sul-africano Christian Barnard? Foi, em parte, graças a essa arrogância que ele abriu as portas para uma cirurgia hoje corriqueira, que salva muitas vidas. Não há uma certa, e justa, arrogância em fazer cultura, em educar, mesmo contra tantas adversidades? Aristóteles fala sobre virtudes. Cito uma, em particular: a Veracidade, para a qual o filósofo usava aquela palavrinha grega bonita que vemos de vez em quando por aí: Aletheia. Não há que ter medo da verdade. No caso do Julinho, subestimar-se, e a seu grupo, seria falsa modéstia. Exagerar seria jactância. Fiquemos no meio-termo, que a virtude não está nos excessos: sim, é fato, Julinho, é toda a verdade que O Guaruçá - Folclórico e Alegórico, ao longo dos cinco anos de vida, cumpre seu papel cidadão, educa, retrata e cria cultura caiçara, faz a cidade ficar melhor e é uma benção para Ubatuba, um grupo digno da proteção de Tupã e de todos xamãs de hoje e do passado da tribo dos Bebe. Na dúvida, melhor educar, dar bons exemplos, do que deseducar, dar maus exemplos. Melhor não receber apoio de quem deveria apoiar mas não apoia, de quem deveria dar bons exemplos e não dá, do que submeter-se à politicagem para ganhar umas migalhas não abençoadas. Melhor dizer - vamos ao Aristóteles, novamente, e seu Justo Orgulho - "Patrocinado por nós mesmos", e seguir em frente, com a magnanimidade daqueles cujos méritos e pretensões são elevados, e que reclamam a honra, mas apenas aquela honra conferida ao homem bom, moderadamente. Isso também é educar, Julinho. E não tem que pedir desculpas por isso. Elcio Machado (elciomachado@ubaweb.zzn.com), 55, é recém-ingresso na tribo dos Bebe, à espera de ser batizado como Elciobebe, caiçara em construção.
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