Para atender Luiz Moura, redator do “De olho em Ubatuba” de 27/11/09, informo a origem dos índios Guarani, malocados no Sertão do Prumirim. Esses índios são errantes por natureza e habitavam até então a zona sul do Sertão de São Sebastião, havidos do sul do país onde faziam parte da grande tribo Guarani, povos que passaram para a história com a formação da grande nação Guarani, destruída com a expulsão dos jesuítas do Brasil por decreto da lavra do marquês de Pombal em 1759, sob a alegação de que os jesuítas estavam criando povos autônomos na colonia. Na realidade já haviam criado a República Socialista dos Guarani, hoje sobrando como resquícios dessa portentosa nação as famosas ruínas das Missões. Pois bem, os Guarani depois desta refrega e sem a proteção dos religiosos, tornaram-se um povo errante, habitando todo o Paraguai onde sua língua é a segunda daquele país. Grande parte desse povo desapareceu com a guerra do Paraguai, sobrando poucos que se miscigenaram com os espanhóis e demais índios dos Andes, habitando aquele país e parte do Brasil, onde penetraram sertão adentro, tendo-se notícias deles em grande parte do Brasil. Curiosamente para Ubatuba, eles vieram pelas mãos de um cidadão de sobrenome Lacerda que se instalou em um sítio no sertão do Prumirim, trazendo-os de São Sebastião para fazerem posse em área de propriedade do advogado Jacomo Raduan. O tiro saiu pela culatra. A FUNAI reconheceu a terra como pertencente aos índios a pedido do proprietário e o esperto acabou ficando sem nada. Construídas suas malocas, os Guarani passaram a freqüentar a cidade e protegidos por lei, passaram a dizimar as florestas de palmito para sua subsistência. Pior. Passaram a vender animais selvagens, caçados com armadinhas rudes instaladas na selva. Suas malocas foram substituídas por casas de alvenaria, mas a miséria ainda prolifera entre eles, principalmente pela falta de políticas de integração, necessárias para esse caso de desagregação social. Eis a triste história dos Guarani de Ubatuba.
Nota do Editor: Herbert José de Luna Marques [1939 - 2013], advogado militante em Ubatuba, SP.
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