Há muito me preocupo com o problema da Santa Casa de Ubatuba embora não tenha participado da discussão que se tornou acalorada sobre o estado em que se encontra e a forma pela qual a interventora vem dando ao caso. Com o nome de “Casa de Caridade da Irmandade do Senhor dos Passos de Ubatuba”, o nosocômio completou em abril 164 anos e passou ao longo desse período por apertos talvez maiores que esse, sobrevivendo até aqui pela força dos habitantes da cidade e certamente sem a ajuda de órgãos públicos. Recentemente, estarrecido, li nesta revista, matéria de um político propondo que os partidos se unissem para dar uma solução à Santa Casa, inclusive assinando um termo em que se obrigam colocar todos os seus esforços “políticos” para tirar o hospital do aperto em que se encontra. Com todo respeito ao subscritor, entendo não ser o caminho mais correto para resolver esta questão, mesmo porque a preocupação básica de um político é o poder e para tanto necessita de votos, que por sua vez somente virão a custa de investimento pessoal. Não seria dirigir uma entidade às beiras da falência e que trata somente de saúde, o caminho para seus intentos. Haja vista o estado em que se encontra e quem levou-a a esta situação. O Poder Público Municipal ao assumir a direção da Santa Casa nada mais fez que transformar o que estava malfeito em horrível. Arrebentou com o pouco que existia de bom não deixando nada em pé. E por que não resolveu os problemas até então existentes, mas sim criou outros tidos como insolúveis? Porque é um órgão público cujos dirigentes estão interessados, antes de tudo, em manter o poder que detêm. Muito próximos daqui, São José dos Campos, Pindamonhangaba, Guaratinguetá e outras cidades, a Santa Casa vive com caixa confortável e presta serviços de excelência para a comunidade. Como chegou a esse ponto? Com gestão séria, que não é política, chamando toda a sociedade para fazer parte do projeto. Ela, a sociedade, vendo tratar-se de projeto sério, passou a fazer parte dele, não como simples colaborador, mas sim como co-gestor. Já fizemos isso com o asilo de Ubatuba em tempo não muito remoto. Deu certo como daria também com a Santa Casa. É só tentar. A Prefeitura poderia muito bem pagar, pelo menos o rombo que ela propiciou em sua desastrada intervenção. O resto talvez desse para ser absorvido por uma administração séria e competente. Que tal procurarmos essa administração?
Nota do Editor: Herbert José de Luna Marques [1939 - 2013], advogado militante em Ubatuba, SP.
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