Há muito a carta anônima era jogada no lixo ou simplesmente abandonada sem se tomar conhecimento do conteúdo. Hoje ela vale ouro, principalmente quando contém denúncias cabeludas como essa enviada ao promotor de justiça de Ubatuba onde foram relatadas as barbaridades que vêm ocorrendo nos porões da Prefeitura. Uma liminar concedida pelo Juiz da 1ª Vara jogou m... no ventilador e o resto está aí na imprensa da cidade. Este procedimento vem ocorrendo pelo Brasil todo, haja vista o caso de Dourados, também tendo como responsável um anônimo e uma câmera gravando tudo. Prefeito, vereadores e funcionários públicos na cadeia e um escândalo nacional com direito a notícias nos principais meios de comunicação. Mas voltemos para Ubatuba. Não teve e certamente não terá a repercussão midiática de Dourados dado a nossa insignificância, embora os fatos denunciados, se provados, não estão muito longe do que ocorreu naquela cidade. Nosso prefeito, diga-se de passagem, suficientemente cínico para afirmar três dias atrás estar colaborando com o Ministério Público para apurar as eventuais irregularidades que vêm ocorrendo em sua Prefeitura, não merece maior visibilidade que não seja a simples publicação do despacho em que foi aberto seu sigilo bancário juntamente com a presumível quadrilha, conforme ilação contida na inicial do pedido que originou os bloqueios e suspensão dos cargos em que os demais ocupam na administração e no Poder Legislativo. De qualquer forma, Ubatuba contabiliza mais esta triste estória de cidade administrada por criminosos quadrilheiros até que tenhamos um pouco de cuidado na escolha de nossos representantes, o que certamente, pelo que anda por aí, vai demorar um pouco para acontecer, a exemplo do que vem acontecendo em nível nacional com a imunda política que vem ocorrendo na escolha de nosso novo presidente. A impunidade hoje permite aos nossos administradores ter a sensação de super homens, acima de qualquer sanção, daí a razão pela qual sentem-se autorizados a fazer o que bem entender. Acresça-se a isso a situação de amoral, adquirida ao longo dos anos no exercício da política rasteira, ou quiçá, já nascida com ela.
Nota do Editor: Herbert José de Luna Marques [1939 - 2013], advogado militante em Ubatuba, SP.
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