Li consternado o belíssimo artigo do Corsino nesta revista sobre o falecimento do Frei Pio. Soube dois dias depois, razão pela qual não pude prestar meu último preito àquele homem que marcou minha vida, simplesmente porque convivi com um santo. Quando vim definitivamente para Ubatuba, pelos idos de 1967, contratado pela Folha de São Paulo para fazer a cobertura do Litoral Norte, então na mídia nacional em razão da estrada Rio-Santos que estava sendo rasgada, dei logo de cara com as obras da ASEL – Associação Estrela do Litoral, entidade que hoje seria mais uma ONG criada pelo franciscano Frei Pio e seus companheiros responsáveis pelo empreendimento. Entrevistei-o por várias vezes e nessas entrevistas tornei-me amigo deste santo a que eu e o Corsino nos referimos. Como se não bastasse, Frei Pio tornou-se amigo de meu pai e quando encomendou seu corpo descontrolou-se emocionalmente, sendo obrigado a ser socorrido por um médico que se encontrava no velório. Este santo era meu amigo e de minha família, aliás, o único que conheci até agora. Sua obra está aí, construída ao longo dos bairros da cidade. Desde escola, postos de saúde, creches, até postos de gasolina, estaleiros de barcos de pesca, igrejas, ambiente de repouso, asilo e tantas outras atividades, sempre buscando gerar mão-de-obra ou suporte educacional para a população, a mesma população que agora terá sua oportunidade de retribuir com a gratidão que lhe é devida. Já doente, procurei pessoa de sua intimidade para gravar depoimento de sua vida e obra. Um religioso de Santo André já havia se colocado à disposição e pelo que soube, já estava sendo gravado o relatório de seus feitos. Espero que logo venha a ser publicada sua história. De qualquer forma, adeus meu santo, até breve.
Nota do Editor: Herbert José de Luna Marques [1939 - 2013], advogado militante em Ubatuba, SP.
|