Historicamente, o Brasil sempre teve dificuldades para lidar com os limites impostos por lei para questões que envolvam interesse público e privado. Há na história vários casos que ilustram o uso indevido da máquina pública para satisfazer interesses estritamente pessoais. Os políticos que o digam... Na maioria das vezes, são os que têm mais dificuldade em respeitar estes limites. Mas não são só eles... Aqui, em Ubatuba, temos uma prática bastante curiosa de alguns comerciantes/empresários no que diz respeito a esta questão. Alguns proprietários de imóveis comerciais usam o expediente de recuar/rebaixar suas calçadas para fazer um estacionamento em cima delas. Tudo bem, se para isso não usassem toda extensão da rua para o acesso a seu “Estacionamento Privativo”. Entendo que para se ter um estacionamento/garagem aonde quer que seja, há de se ter um acesso. Uma entrada e saída... Como toda garagem. Como é feito aqui em Ubatuba, toda extensão da rua em frente a estes estacionamentos passam apenas a servir de acesso a eles. Impedindo que as vagas existentes na rua em frente a eles possam ser utilizadas pelos demais carros. Tornando assim o trecho da via pública em propriedade privada. A indústria automobilística despeja nas cidades, uma quantidade cada vez maior de veículos, batendo seus próprios recordes de vendas a cada mês. O uso ordenado e civilizado destes automóveis que são despejados nas cidades todos os meses, com todas as questões e problemas inerentes a ele, como trânsito, número de vagas, respeito às leis de trânsito etc., é tarefa para os gestores de plantão. Ubatuba já cometeu ao longo de sua história muitos erros que lhe são caros até hoje. Portanto, zelar pelo funcionamento correto da cidade, pelo respeito às leis, pela garantia do uso público do que é público, é sinal de amadurecimento e cidadania. A prática de restringir o uso da via pública para o benefício de alguns, precisa ser combatida com a ajuda de todos. O poder público, os empresários, os agentes econômicos e toda sua cadeia produtiva, que fazem e trazem o desenvolvimento para as cidades, são e serão sempre bem-vindos. Mas há regras que precisam ser observadas para que a cidade não se torne terra de ninguém. Tornar privado o que é público, sempre foi prática para beneficiar uns em detrimento de todos.
Nota do Editor: Alex Frederick Cortez Costa (fredcortez@uol.com.br) reside em Ubatuba desde 1996.
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