| Arquivo Julinho Mendes | | | | Vovô Lindolfo com a imagem de São Jorge, pintado pelo filho BIP. |
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Rua Cunhambebe, casa do vovô Lindolfo Ignácio Pereira, "O prega fogo”. Quem passava por ali se deparava, estampado na parede de frente para a rua, com a imagem de São Jorge, montado em seu cavalo, lutando com um dragão. Devoto de São Jorge, e grande artista plástico que era, BIP pintou a imagem de seu santo padroeiro na frente de sua casa; era uma referência para quem procurasse alguém da família. Para quem procurasse seu Lindolfo, grande confeiteiro e grande músico; para quem procurasse dona Malvina, grande costureira e cozinheira; para quem procurasse o BIP, grande restaurador de imagens religiosas, desenhista, pintor, poeta, pescador esportivo; para quem procurasse o Pitágoras, grande também, pintor, assobiador, grande doador de sangue e homem de grande gentileza; para quem procurasse a Alcina, grande bordadeira, costureira e cozinheira e para quem procurasse o Daniel Sabiá, bom jogador, grande árbitro de futebol; era só procurar na rua Cunhambebe a casa que tinha o São Jorge estampado na parede... Para João Claro da Rocha (o nosso querido Rochinha), não existiu, na Prefeitura, homem mais honesto do que o BIP. Benedito Inácio Pereira foi um grande funcionário público que viveu e dedicou boa parte de sua vida em prol da Prefeitura Municipal de Ubatuba. Além de ser um grande desenhista e projetista foi acima de tudo um defensor das praças e áreas públicas existentes nos loteamentos de nossa cidade. Onde houvesse uma invasão, uma árvore cortada, ou um mourão clandestino fincado em uma das praças, lá estava o BIP. Não precisava ser dia normal; podia ser um fim de semana ou feriado, qualquer depredação contra um patrimônio municipal, lá estava ele dando bronca e pondo ordem. Deus me livre se algum tubarão fechasse a entrada de acesso a uma praia ou um caminho que levava a algum de seus pesqueiros; fazia um fuzuê que dava medo; se não conseguisse na conversa, conseguia na porrada... Ia lá com pé de cabra, alicate, picareta e abria o acesso novamente, na marra e sem cerimônia. Era assim o nosso BIP, aposentou-se e mesmo assim fazia denúncias contra invasores ou depredadores de praças; morreu defendendo nossas praças, praias e verdes. Que Deus o tenha! Hoje vemos uma Ubatuba depredada, depredações estas feitas diante dos olhos de nossas autoridades, diante da Polícia Florestal, Polícia Rodoviária, Defesa Civil, ecologistas, enfim, o que observamos é que Ubatuba muito em breve vai virar uma Grande São Paulo e Rio de Janeiro; em nossas matas, mangues e rios só existirão favelas. Com esse inchaço populacional descontrolado, o desemprego, a criminalidade e a violência farão de vítima os filhos das autoridades, dos policiais, dos ecologistas... E os turistas de qualidade? Bye-bye Ubatuba! Morreu pelas mãos de Deus. Se vivo estivesse, morreria de desgosto em ver sua terra sendo casa-da-mãe-joana. Por todas essas qualidades, por todo seu trabalho, hoje, através de lei de autoria do vereador “Gerson Biguá”, a área onde se organiza a feira livre, aos sábados, é chamada de “Praça BIP”. Nada mais do que justa essa homenagem para um caiçara ubatubano que sempre defendeu o patrimônio público e as praças de Ubatuba. (Do sobrinho Júlio César Mendes)
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