Não é que existe o Dia do Prefeito? Juro que não sabia. Descobri por acaso. Nunca tive notícias de alguém que o tivesse comemorado. Faço alguns abdominais imaginatórios e logo me vem a figura repulsiva do puxa-saco, do cheira-cheira, do lambe-c... varejeirando pelos corredores e repartições do poder municipal. Embora, para eles, todos os dias são o dia de sua excelência. Mas existe sim o Dia do Prefeito. É o dia 7 de outubro. Como se deveria comemorar tal data? Os mais mordazes talvez sugerissem bonecos de panos dependurados nos postes nas vias públicas como se costuma fazer no sábado de aleluia. Já os mais ponderados e tolerantes, um dia inteiro de jejum para purgar os pecados cometidos nas últimas eleições. Quem sabe? Não tenho a mínima idéia de como se poderia fazê-lo. Melhor dizendo, tenho: mandaria rezar uma missa, numa capela, para todos os alcaides probos e bem intencionados do Brasil (Que los hay, los hay). Imagino que a maioria dos prefeitos não saiba que há um dia só deles. Na verdade, tenho até medo de imaginar que possam vir a sabê-lo. Há dia para tudo: Dia do Trigo, da Criatividade, do Órfão, do Enfermo, da Abreugrafia, da Voz, da Sogra, da Amante, do Casal, da Banana, do Sol, do Padre, do Encarcerado... Há até o Dia da Honestidade! O dia 10 de outubro. Pode? Uma data que duvido seja conhecida pela plebe ignara. Uma data significativa. Principalmente no Brasil do Lula. Fico a imaginar o esforço de certas pessoas para festejar esse dia e de como isso seria feito. O desonesto contumaz sairia de casa cumprimentando a todos, com um sorriso bem ajeitado nos lábios: "Feliz Dia da Honestidade!" E os honestos alegrar-se-iam e convidá-lo-iam a se sentar à mesa para compartilhar do ágape.
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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