Julinho Mendes | |
Prezado amigo monocotiledôneo das raízes caiçara. Se é pra falar difícil, vamos falar! Pelo que estou vendo, a idéia dos projetos da vaca deitada não vai dar certo mesmo, então irei inverter a coisa. Como sou neto do grande filósofo caiçara, Lindolfo Ignácio Pereira, venho te fazer uma proposta. Vovô Lindolfo, em tempos idos, gritava pelas ruas de Ubatuba: “Preeeeeeeeeeeeeega fogo, não deixe a vaca deitar” e completava ainda, “se deitar o bezerro não pode mamar”. Vovô morreu, mas o seu grito, de tão vitamínico que foi, fortaleceu muitos nenéns da cidade que hoje são políticos de carteirinha e que de todas as formas cultivam e têm com lema a frase do vovô. “Não deixe a vaca deitar...” Muitos estudiosos da cultura indiana enganam-se achando que a Índia é o país da vaca sagrada. Que nada! O país da vaca sagrada é o Brasil, só que aqui, vaca sagrada que se deita vira churrasco. “O Brasil é o país da vaca sagrada, em pé”. Amigo Eduardo, com toda certeza serei vereador no próximo mandato e na primeira sessão de câmara defenderei alguns projetos de suma importância. Primeiro: criarei a lei que dá direito ao vereador a dar MHP - Moção Honrosa Póstuma, até então só existe Moção Honrosa, e a primeira moção honrosa póstuma serei eu a dar. Darei a vovô Lindolfo, por ele ser o filósofo da frase: “Não deixe a vaca deitar”. Um segundo projeto é o de engessar as pernas de tudo quanto é vaca que nascer ou entrar na cidade. E para garantir a integridade das vacas, outro projeto tratará de aterrar todos dos brejos do município. Não queria falar ainda, mas vou falar: já estou em conversações com a Brahma e Antarctica para instalações de fábricas de Malzbier e Caracu em nossa cidade, que é para dar de beber às vacas, para que as mesmas produzam leite em abundância. Amigo Eduardo Souza, que não é César, te proponho parceria num negócio que vai nos deixar ricos. Vamos criar vaca! Você sabe amigo Eduardo que os mamadores de tetas lá do Planalto já estão cuidando para enfiar mais 7.500 vereadores em nossas Câmaras Municipais, mas pelo que nos tranqüilizou o Dr. Herbert Marques em seu artigo “Tiraram o doce dos meninos” só em 2012; então dá tempo de planejarmos nosso negócio, que será muito rentável. Vamos criar vaca! Vamos alugar a Casas Pernambucanas e fazer ali um grande estábulo que chamaremos de “anexo da vaca”. A vaca entra pela rua do Kumbu, pára ali, vem um aparelho chamado “chifrorrabo” (importado da Índia) segura a vaca pelo chifre e pelo rabo e a leva dependurada à produção de leite. Eduardo, você sabe que para estimular a produção de leite, hoje em dia é colocado som ambiente nos estábulos? Vamos fazer melhor ainda, as nossas vacas vão ter música ao vivo. Você sabia amigo Eduardo, que quem ganhou o II Festival de Viola em homenagem ao João Alegre, recentemente em Ubatuba, foi uma dupla sertaneja de Taubaté e que a música inédita dos caras exaltava o nosso azulado prefeito? Não? Então! Vamos contratar essa dupla para cantar para as vacas nesse nosso estábulo. Amigo Eduardo, estou tão animado nessa investida com as vacas de pé, que até já esqueci do Boi de Conchas, aliás, faremos o lançamento do CD(SMD) e revista “O auto do boi de conchas” nesse sábado, dia 19 de setembro, às 20 horas no auditório da Fundart, Você e sua família já estão convidados e convido também os leitores dessa preciosa revista eletrônica O Guaruçá. Ah Eduardo, não se esqueça de encomendar do recém-integrado Tupibebum Elciobebe 500 berrantes afinados em dó maior e de contratá-lo também para dar curso de tocador de berrante para os políticos e seus abnegados em todo o Brasil. Prega fogo Eduardo, e não deixe a vaca deitar, porque se deitar o bezerro não pode mamar.
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