Julinho Mendes, nosso longilíneo bardo, está com a vaca, digo, com a macaca. Chamou-me a atenção o título que deu à crônica do dia 10 do corrente, aqui na revista O Guaruçá: O efeito da vaca deitada. Fiquei curioso como um mico-leão-dourado. Imaginei logo de cara algum comentário sobre a novela Caminho das Índias, da gloriosa Glória Peres, autora consagrada na teledramaturgia por abordar temas atuais polêmicos em sua novelas na Globo. Na Caminho das Índias, brindou-nos com aspectos da religiosidade hindu. Mostrou-nos que, na Índia, as vacas são sagradas! A Mãe Vaca, reverenciada nos capítulos finais da novela pelo peludo e não menos glorioso ator Toni Ramos. Are baba! Quase caí do meu tuc-tuc. Não era nada do que estava pensando. O Julinho Mendes, esse brâmane da mais nobre casta ubatubana, na claridade da lamparina (ou seria fifó?) de seu juízo, referia-se, na dita crônica, à ação milagrosa de uma lavagem facial, feita com uma mistura de vergonha e picão-roxo, seguida da afixação, na porta de gabinetes, da imagem simbólica de uma vaca deitada que teria transformado o entendimento e atitudes políticas. O Julinho cita então uma série de projetos e serviços públicos de interesse do povo. Onde? Não me perguntem. O Julinho não diz. Aqui em Ubatuba não deve ser. Aqui, idéias, projetos e planos são como as nossas mangueiras - não frutificam. O interessante nisso tudo é que a tal crônica do Julinho comoveu até um alienígena de nome Elcio Machado, a ponto de criticar uma das proposições apresentadas no texto do nosso bardo praiano. Sinto comichões. Mas, em respeito ao Augustinho, que não gosta quando escrevo sobre política, paro por aqui. Vou tomar meu chai. Namastê para todos.
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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