Julinho Mendes | |
Há muito tempo tinha inveja do morador de Ubatuba que tem em frente a sua casa um poste pintado com a cor “azul Dudu”. Minha inveja acabou! Como um milagre, eis que na manhã de quinta-feira passada, após voltar do trabalho, o poste frente a minha casa estava pintado com o “azul Dudu”, ou azul calcinha, como queiram. Posso ainda dizer que fui contemplado, pois além do poste pintaram também parte de meu gramado, e ainda uma chapiscada na calçada. Que lindo! Gramas “azuis Dudu” também. Que oooooooobra! E aqui tiro o chapéu para a atual administração! Fez em cinco anos o que outros não fizeram em dez. Agora, as ruas do Jardim Carolina estão com seus postes pintados de “azul Dudu”. Calçamento com bloquetes ou com asfalto, rede de esgoto, iluminação, arborização e terrenos baldios sendo intimados a murar, isso não importa; o que importa é que uma grande obra foi feita: os postes de meu bairro foram broxados com caiação “azul Dudu”. Olha minha gente, até que enfim vi o dinheiro de meu imposto predial tendo uma destinação precisa. Quem não gostou muito dessa pintura foi o Boris, meu pastor alemão, que ao se deparar com tanta beleza em seu poste pintado de azul, se recusou dar uma mijadinha para marcar território. Uma coisa impressionante e curiosa foi a roda que caramujos africanos fizeram à noite, em volta da grama pinta de azul, parecia roda de capoeira. Olha, se eu tivesse uma filmadora teria ganho um prêmio em revelar a ciranda dos caramujos, no Globo Rural. Quando apoiei, trabalhei e votei na administração vigente, foi pensando que a maneira de se administrar a cidade seria mudada. Pensei que teríamos um verdadeiro projeto de infra-estrutura e urbanístico para os bairros, com pavimentação em bloquetes feita com produção e mão-de-obra local, gerando emprego, desenvolvimento social e qualificando a cidade como um todo, turística. Pensei que esse negócio de asfalto eleitoreiro, feito com “farinha de milho”, ia acabar. Pensei tudo isso! Cinco anos se passaram, e mais do que um projeto de infra-estrutura e urbanístico, surge agora em meu bairro o “azul Dudu”, uma obra pra Picasso nenhum botar defeito. Como é lindo esse azul! Me inspirou até uma poesia que verso agora em homenagem àquela zona, que é também azul, que se cobra para estacionar carro no centro da cidade. No céu tem um azul Que se vê quando não chove Nos postes de minha terra Faça chuva ou faça sol Se vê o “azul Dudu”. No verde de minha mata Amarela o guapuruvu No verde de minha grama Tem o belo “azul Dudu”. Quando um dia eu morrer Que o céu seja mais vivo Vou pedir para São Pedro Pintar de “azul Dudu”. Vou fazer a despedida Alegre estou feito anu A camisa do Palmeiras Agora também tem “azul Dudu”. Fala sério meu!!!
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