Julinho Mendes | |
Meu violão Não empresto a ninguém Também não dou e não vendo Tem um buraco no meio Seis cordas que em acordes Soltam vozes diferentes Vozes de Deus talvez Assim como os passarinhos E todos os instrumentos musicais. Vovô me ensinou um sol, um ré, um mi... Os bemóis e sustenidos, tirei de um livro Depois deixei de lado, não era o meu dom Gostei mais da percussão Tamborim, cuíca e pandeiro Batucava minha vocação. Mas um dia precisei Fazer a folia continuar Comprei meu violão E do que vovô ensinou Dedilhar não tenho facilidade Sou mesmo “arranhador” A mode “a garné”, balangado caiçara Não faz mal, não sou profissional O que importa é que agrada o pessoal. Pintei meu violão Fiz igreja, fiz saci, cruz de ferro, fiz sereia Manacás, tangará, boi de conchas e boi do Veiga Tudo isso eu pintei na tampa de meu violão Tudo isso pra ficar folclórico e alegórico. Se não sou bom tocador Bom pintor não sei se sou Mas uma coisa é bom dizer Faço tudo com amor.
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