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COLUNISTA
Celso Fernandes
01/08/2009 - 14h12
Ligações perigosas
 
 
Tevê à manivela

Tá, tudo bem! Já que passamos algo que semi ilesos pela “República das Bananas” e pelo “Império dos Abacaxis”, havemos de dizer que a ferida dói, mas cicatriza. Como não tem outro remédio sobre as prateleiras, nem mesmo daqueles do tipo caseiro, tudo isso o que ouvimos através dos microfones – até de karaokês – de vossas excelências em ação, é fato e não podemos negar. Mais ainda quando falamos da novela da minha vida ou da minha vida que se tornou uma novela. Amor relâmpago, sempre em xeque-mate? Opash? Apache? “Caminho das Índias”? A aeróbica global? (O que é que o Chico “Namit” Anysio foi fazer lá, hein?). E quanto a febre da nossa tornada “Bollywood Nacional”? Das nossas eternas “Patricinhas de Beverly Rios”... Delicatessem, decadência, amor genérico, por natureza do que está no script ou daquele que nasceu com a gente desde pequenininhos? Ou YES! Temos CALL CENTERS. Estamos salvos de ter que ir às compras! Temos fones de ouvidos. Ofertas, oferendas em demasia. Pechinchas. Bugigangas. GPS´s. Musiquinha do gás. Beautiful girls! Cheerleaders. Mergulhamos no jabá internacional e comemos pra lá de Mc Salsichas importadas, que é pra ver se a língua estrangeira entra sem ter que decorar nada, estudar. Não fossem os espinhos ou daquilo que infelizmente despenca do telhado, bem que a Susan Boyle merecia a varinha mágica. Enquanto uns gozam, os outros relaxam, e, por onde andará Marta, hein? Voa passarinho, voa...

A propósito, tem ainda aquela do “diga-me com quem tu andas”? Pois, daquela do “me engana que eu gosto”, nem o pobre do José nem a (in)fielmente tua Maria escaparam da malvadeza do santo julgo em pessoa. Como dizia um velho amigo de escola: “é a maldade do povo”. E como sempre estamos olhando do lado vizinho (não há quem escape) ou do por que dessa tela tão grande na minha sala de estar, digo por a+b que é pra poder te enxergar melhor, Chapeuzinho! A cor? Isso não importa, e, sim, a doce e suave inspiração ainda que vista em terceira e quarta dimensão.

Aliás, estrelas mudam ou não mudam de lugar pelo pico de audiência? Pintando ou não o sete, tal aquelas vermelhas, reluzentes, acaloradas e bem cheias (na época, há quem se recorde) do mais puro fervor... Vai vendo, mas também vai lendo, poxa vida! Sejamos CALL. CENTERS. Ainda que pela curta hipnose televisiva, auditiva e da consagrada NET que está no meio de nós! E se tudo é fato e de direito, grife-se lá na ênfase da envergadura com que a coisa anda, não esqueça que para se ter talento não é só pretender ser aspirante ao “cargo de”. Temos vaga pro “Sub” do “Sub”? Uma “boca”, só pra iniciar, pra não ficar parado, igual poste? Desenrolar o novelo de lã é fácil. O duro é enrolar tudo como estava novamente. Sopa de jiló no café da manhã desce bem e faz muito bem pra saúde do bolso. Não vem que não tem, que a vara pode ser curta mas temos que cutucar.

– O quê? Serodia? (Algo assim também de uma pseudo tradução de velho, antigo; que já se sabe há muito tempo?).

Agora, quanto ao que é de mais excelente – e por pura excelência, claríssimo – no “Reino das Abobrinhas”, vale o quanto pesa e não tem nada a ver com aquela marca de sabonete. Do pote de leite, certamente que derramado, e das espremidas moedinhas no porquinho do meu cofre, passamos adiante. Brigamos, isto, sim, é com os juros e dividendos até mesmo na hora da nossa sorte amém!

E como talvez fiquemos mesmo no costumeiro rodízio de pizza vindo nos mais variados sabores e em climas nunca sonegados, não recordo, não me lembro, não sei. CANSEI. Sou CALL. Importado. CENTER. Na hora do mata fome, da ligação a cobrar, ter que apertar a “estrelinha” do fone, antes de discar o zero, perto daquela inventada (e ora desativada “fome zero”), sem querer alterar a ordem dos fatores, melhor almoçá-los antes que nos jantem! E acaso não tenhas dado conta do tamanho do rombo, nossa pindorama não pode – e nem deve – continuar sempre amanhecida. Tome intento, que depois da lei do anti tabagismo, aonde é que a cobra vai soltar suas baforadas, hein? E onde, na briga de foice, foi-se o tempo em que o sujeito (batizado de cabra macho, decerto nascido com a prosopopéia do “aquilo” roxo) tinha que passar dessa pra melhor só pra poder entrar pra história.

– Alguém ao telefone? Com quem quer falar? Comprar cupons vencidos, ah, não! Tá de brincadeira comigo, é? Também sou CALL. Sou CENTER. (Des)ocupado.


Nota do Editor: Celso Fernandes (modarougebatom.blog.terra.com.br), jornalista, poeta e escritor, autor de “As duas faces de Laura”, “O Sedutor”, “Sonho de Poeta” (Ed. Edicon), entre outros. Colunista de Moda, Cultura & TV, escreve semanalmente em jornais, revistas e sites relacionados às áreas.
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