Descobrimento do Brasil - Capítulo VII
Ficou faltando saber do paradeiro do Silvimbebe, do jacu, do gambá e do jeguinho. Então vamos lá... Silvimbebe pega uma rua sombria, cheia de oliveiras e se depara com uma edificação rochosa, um imenso muro de pedras com algumas janelinhas gradeadas. Sem perceber que se trata de um presídio, segue faceando o muro quando de repente ouve gritos aterrorizantes... Curioso decide investigar o porquê de tanta violência. Chega à portaria do presídio e pergunta a um guarda: - Por que esses gritos, senhor? O policial responde: - Estamos executando um condenado. É ordem do Rei Bigode! - Mas por que tanta demora? Estou ouvindo esses gritos há mais de duas horas. - É que ele foi condenado à cadeira elétrica e como estamos num APAGÃO, somos obrigados a executá-lo à vela. - Isso não é possível! - indignado Silvimbebe pensa em conversar com o Rei. - Como posso falar com o Rei? - pergunta Silvimbebe ao guarda. - O rei anda muito ocupado. - Fazendo o que? - Enchendo um caminhão de telhas! - Por quê? - Porque a ONU pediu para ele dar cobertura na guerra do Iraque! - Ah bom! Silvimbebe aproveita que descobriu o presídio, pergunta então sobre os portugueses gêmeos João e João. O policial responde que os irmãos Cabral ainda cumprem sentença no presídio. - Que sentença foi dada aos Cabral? - pergunta Silvimbebe. - A sentença dada pela corte real foi leve, os Cabral teriam que trocar oito lâmpadas do presídio que estão queimadas, aí estariam livres. - Só isso?! Mas já era para eles estarem livres. - Pois é! Mas ainda não terminaram o trabalho, já faz UM ANO que estão nesse serviço. - Quando é o dia de visita? - Amanhã! Já era tarde, Silvimbebe se despede do guarda e volta todo contente para contar a novidade aos familiares... Nessa volta presencia novo acidente com outro caminhão de gás que toca aquela musiquinha; o caminhão fez a curva e os músicos caíram para fora do caminhão, os músicos agora eram de uma banda folclórica portuguesa muito conhecida, de nome O Guaruçá – folclórico e alegórico. Enquanto ele volta, dá tempo de contar o que se passa com o jacu e o gambá. Muito bem! O jacu estava cansado e ficou fazendo companhia ao gambá, que tentava dormir no sótão de uma casa abandonada. O gambá ficou puto da vida porque nesse sótão tinha três morcegos que não o deixaram descansar sossegado. Aconteceu o seguinte: Dos três morcegos, um era italiano, o outro espanhol e o terceiro português. O morcego italiano saiu em retirada, deu um rasante, voltou com a boca cheia de sangue e disse: - Vocês estão vendo aquele cavalo ali? - Sim estamos! - responderam os outros dois. - Fui eu que chupei o sangue dele... Os outros dois morcegos, abismado disseram: - Ohhhhhh!!! O morcego espanhol saiu em retirada, deu um rasante, voltou com a boca cheia de sangue e disse: - Vocês estão vendo aquela vaca ali? - Sim estamos! - responderam os outros dois. - Fui eu que chupei. Admirados, os dois responderam: - Ohhhhhhhhhhhh!!! Então o morcego português saiu em retirada, deu um vôo rasante, voltou com a boca cheia de sangue, e disse: - Vocês estão vendo aquele MURO ali? - Sim estamos! - responderam os outros dois morcegos. - Eu não vi e preguei a cara. (Coisa de morcego português.) O jegue também tem a sua história. Atraído pelo cheiro de grama, entrou num campo de futebol... Acontecia uma partida de futebol entre a seleção portuguesa e a seleção italiana. O jogo valia a classificação de Portugal para a copa do mundo. O jogo estava zero a zero, resultado este que classificaria a seleção italiana. Faltando dez segundos para o encerramento da partida, a equipe italiana comete um pênalti. Na hora de cobrar o pênalti o goleiro italiano fica fazendo guerra de nervos contra o artilheiro português. Ele dizia: - Se chutar na direita eu pego, se chutar na esquerda eu pego, se chutar no meio eu pego, se chutar no ângulo eu pego!!! O artilheiro Ronaldinho Português, conhecido como mela cueca, tranqüilamente pega a bola põe na marca do pênalti e manda seus companheiros irem para trás do gol, assistir o grande lance. O goleiro italiano continuava com sua guerra de nervos contra o português... Ronaldinho mela cueca, tranqüilamente responde ao goleiro italiano: -P ega nada, eu vou te enganar. Faltando um segundo para terminar o jogo, Ronaldinho mela cueca corre e propositalmente chuta a bola para fora e diz ao goleiro italiano: - Eu não falei que ia te enganar?! Essa nem o Jegue, que também era português, agüentou... Voltou desesperado, querendo retornar ao Brasil, aliás já estava colocando a canoa no mar, quando chegou o grupo indígena, parecendo que fazia um desfile de modas. Claro! As vestimentas foram criação de Isaiasbebe!!! Novamente reunidos, a família Bebe, o jegue o jacu e o gambá, cada um conta suas hilariantes aventuras ocorridas na terrinha; o que foi uma grande comédia; parecendo o senado federal. No dia seguinte nem bem o galo cantou e a tropa Tupinambá já estava na porta do presídio para visitar os amigos portugueses, os gêmeos João e João. O galo cantou nove horas da manhã, isso porque, o bicho dormia de cabeça para baixo, feito morcego e em sua frente tinha um relógio; quando o relógio marcava 9, o galo entendia 6 e era aí que ele cantava, acordando todo mundo. O portão do presídio foi aberto três horas da tarde, isso porque, o guarda que tinha essa função, depois que o galo cantou, foi ao banheiro... fez as necessidades e como não tinha papel, ficou lá sentado no trono pensando em um dia ser o Rei de Portugal... O diretor do presídio vendo a demora do porteiro, foi saber o motivo: - Oh, Manoel, tu estás te sentindo bem? Por que demoras tanto? - É que aqui não tem papel higiênico! - Mas, Manoel! Por acaso você não tem LÍNGUA? Manoel responde: - É claro que tenho, mas não sou contorcionista!!! Foi uma dificuldade danada pr’aquela tropa toda fazer a visita aos irmãos Cabral porque o porteiro não queria deixar o jegue entrar... Como todo baiano é inteligente, aliás, dizem que baiano burro nasce morto; Quincasbebe, “o abaianado indígena”, teve a seguinte idéia: - Vamos fazer o jegue entrar de ré. E assim fizeram... O guarda Manoel, o mesmo do banheiro, vendo o jegue entrando de ré, pensou que o bicho estava saindo... O gambá teve que ir agarrado no rabo do jegue, o que causou certa estranheza ao guarda, fazendo-o pensar que o jegue tinha dois rabos; esse pensamento foi atropelado por outro: “Como o jegue andava de ré, tinha que ter dois rabos, um para dar seta à direita e outra à esquerda.”... O jacu foi fácil entrar no presídio: entrou imitando o galo. Nesse dia não tinha o APAGÃO. Dentro do presídio a família Bebe teve que assistir a uma terrível execução de três condenados à cadeira elétrica; “um árabe, um russo e um português.” O carrasco disse que cada um tinha direito a um último pedido. O árabe foi o primeiro. - Muito bem, qual seu desejo? - Quero rezar pra Allah... - e assim foi... - Allah, Allah... Na hora da morte, o carrasco ligou a cadeira, e nada. - Muito bem! Allah te salvou, pode ir, estás livre. Veio o russo. - Qual é o seu desejo? - perguntou o carrasco. - Bom, se Allah ajudou ele, eu também quero rezar para Allah. - Allah, Allah... Ligou a cadeira elétrica... E nada! - É, você também teve sorte! Allah te salvou, pode ir, você está livre. E veio o português, todo sorridente. - E você, vai querer o que? - perguntou o carrasco português. - Eu quero rezar para Allah também, quem sabe ele me salva!? - Então reza. Então rezou o português: - Allah, Allah... Alá a TOMADA DESLIGADA!!! Virou carvão!!! Uma cena que deixou os tupinambás abestalhados... Seguiram à procura dos irmãos Cabral... Passaram por um salão e ouviram aquela falaria danada: “Vai! Agora! Força! Uhhhh!... Não dá! Chama mais 300 internos...” Parecia que estavam empurrando uma carreta carregada com sacos de cimento morro acima. O que acontecia era o seguinte: “601 presos tentavam bater um prego na parede. Um segurava o prego e os outros 600 tentavam empurrar a parede”. O jegue ficou puto com seus conterrâneos, encheu o peito e deu o seu espalhafatoso berro... espalhou preso pra todo lado, tinha nego até pro lado de fora do presídio. O jacu pegou o prego com o bico e o gambá bateu com o rabo. Resolveram o problema dos presos portugueses que em seguida foram libertados, por cumprirem a sentença, dada há cinco anos atrás. (Coisa de português.) Passado esse fabuloso fato, acontece outro, mais fabuloso ainda: “Uma barata cabeluda cruzou correndo o corredor e atrás dessa barata, vem um português, servente do presídio, atirando nela bolinhas de naftalina. Dudubebe vê aquilo e dá um grito. O português, com óculos fundo de garrafa, pára e reclama: - O que foi bobão? - Por que você está correndo atrás de uma barata? - Ô bobão! Não tá vendo que estou matando barata? - Mas com esse saco de naftalina, você mata um milhão de baratas! - retrucou Dudubebe. O português, firmemente em sua palavra, responde: - Mata o senhor que tem boa pontaria e não usa óculos!... A barata entra num quarto sombrio, seguido pelo português, que é seguido pelo curioso Dudubebe... Do jeito que entrou, Dudubebe volta apavorado com o que viu nesse quarto. Estavam lá dois esqueletos, que deixa o indígena, como sempre curioso. Dudubebe então pergunta ao português da barata: - De quem é esse esqueleto? Responde o português: - É do pai de Camões! - E esse menorzinho aí ao lado? - É o esqueleto do pai de Camões, quando criança! Ennnnfim, você percebe???? Coisa de português. E não percam, na próxima semana, o último episódio da tribo de Dudubebe em Portugal.
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