Recebi um e-mail com a notícia de que, em agosto, no dia 27, o planeta Marte estará tão perto da Terra que poderemos vê-lo a olho nu, no tamanho da Lua. Este fenômeno só voltará a acontecer no ano de 2.287. Fenômenos como este suscitam vaticínios. Os fundamentalistas dirão que é o final dos tempos. Não duvido nada. Tenho a impressão de que já estamos no final dos tempos há algum tempo. Não me refiro ao tempo usual, Kronos, mas ao tempo, muito citado no Evangelho, que marca as transformações — Kairós. Marte, Ares, o Abrasado. Na Idade Média (O Guaruçá também é cultura!) deram-lhe o nome de "o pequeno maléfico". Na astrologia, simboliza a vontade, o ardor, a tensão e a agressividade. Afeições empregadas com maior frequência para o mal do que para o bem. É o astro que governa a vida e a morte. Simboliza também o fogo dos desejos, o dinamismo, a violência e os órgãos genitais dos homens. É mole?! Um astro a encher o saco de qualquer mortal! É o deus da guerra! Um astrólogo identificou 3.142 grandes chefes militares europeus que nasceram no surgimento e no ápice de Marte. Com todos esses atributos quem o quer por vizinho? Mas não tem jeito, ele vem aí. Dia 27 de agosto, será uma espécie de segunda Lua no céu, sobre nossas cabeças. Se uma Lua nos dá trabalho, imagine duas... Refiro-me ao que a Lua já faz com parturientes, com o cio das fêmeas, a disposição dos machos, com as marés etc. E se houver marcianos em Marte? E se esse visitante irado ejacular miasmas que revolucionem as almas dos nossos políticos — se é que eles as têm —, dos nossos governantes? Não, não acredito. Não nos miasmas, mas na possibilidade de essas almas serem transformadas. Veja, por exemplo, os caixas-pretas dos partidos que sustentam esse governo e os que com eles têm alinhamento ideológico, nem que despencassem sobre eles todos os astros do sistema solar. Será o fim? Esperemos agosto.
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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