Descobrimento do Brasil - Capítulo I
Muita coisa do que nos foi ensinado nas escolas, quando crianças, sobre a história do Brasil, não aconteceu tão bem da forma florida como nos foi apresentada, e, na verdade, tinham um fundo de realidade diferente, seja na história do descobrimento, da independência etc. Um exemplo disso é a verdadeira história do descobrimento do Brasil que, a partir de hoje, aqui no www.ubaweb.com, iremos revelar, e se alguém pensar que é mentira, que pule fora da caravela. Eram dois irmãos portugueses, um se chamava João e o outro João. Eram gêmeos, por isso os nomes eram iguais (coisa de português). Para não confundir a nossa história, vamos aqui revelar o nome completo dos personagens: João 1 Álvares Cabral, navegador e dono de uma caravela, que na verdade mais parecia um barquinho “puc-puc” de arrastar camarão do que uma caravela. O outro era pecuarista, criador de jegue, tinha o nome de João 2 Álvares Cabral. Eram mercadores e iam sempre às Índias negociar mercadorias. Nessa viagem, João 2 levava um jegue para negociar com galinha d’angola.
Foi exatamente no ano de 1493. Devido um forte sudoeste, a caravela dos Cabral, tomou outro rumo e vieram parar nessa terra hoje chamada Brasil; que quem teve a fama de ter descoberto foi um outro Cabral, o tal do Pedro, que era primo e que chegou aqui, 7 anos depois. A caravela dos verdadeiros descobridores entrou pela baía de Ubatuba (igual um transatlântico), e só não apoitou porque numa pescaria que fizeram a poita foi pescada, tal qual aconteceu aqui depois de 510 anos com um tal de Jaür Carpinetti; então a caravela veio a encalhar exatamente na praia do Itaguá, ali em frente, onde hoje é o rancho do Paca. O jegue de João 2 viajava no porão onde podia esfregar a costela para se coçar. Era mês de janeiro e devido às chuvas o capim-melado na orla da praia estava verdinho e cheiroso. Caravela encalhada... o cheiro de capim melado entrou porão adentro. De repente, ocorre um tremendo barulhão. Parecia que estavam quebrando o barco. - Que barulho é esse, João? - perguntou João. - É o jegue que tá dando coice pra todo lado! - respondeu João. - O que aconteceu? - Não sei! O jegue de repente ficou louco! - Solta o bicho imediatamente! - ordenou João. Aberta a porta do porão, o bicho saiu feito foguete, se jogando no mar. Nadou feito tartaruga indo direto comer capim-melado na beira do jundu da praia, hoje Itaguá. - Então é por isso que o bicho ficou louco! - falou João 1. - Também você é burro, esqueceu de trazer capim pro bicho, já fazem três meses que o animal só come bacalhau com batata! - retrucou João 2. Os coices do jegue causaram sérias avarias à nau, e os Cabral, então, tiveram que permanecer na baía, por alguns dias, até que arrumassem a embarcação. Depois da bagunça que o jegue fez foi que surgiram as indagações: - Onde estamos? - Que lugar é esse? – Será uma ilha? – Que montanhas altas. – Que mata bonita. – Que praias lindas. Será o Paraíso??? Perguntas e mais perguntas enchiam o ar de interrogações. Olharam para a praia e não avistaram ninguém, apenas o jegue comendo capim-melado. De repente, assim como o jegue sentiu cheiro do capim-melado, os irmãos Cabral sentiram cheiro de carapau assado. - Que cheiro é esse João? - Tá parecendo peixe assado! - respondeu João. Tal qual o jegue, se jogaram na água e nadaram até a praia em busca do delicioso cheiro de carapau assado que certamente lhes mataria a fome. Mal sabiam eles que estavam sendo observados pelos Tupinambás, todos armados com arcos e flechas, sarabatanas e bodoques. O cheiro de carapau assado fez com que os irmãos Cabral entrassem na mata; foi na verdade uma armadilha dos índios para atrair e capturar os distraídos e esfomeados navegantes portugueses. Caminharam trezentos e vinte três metros e dezoito centímetros e acharam o braseiro. Do carapau, só restou a cabeça e a espinhela. Com a fome que estavam não se importaram e meteram a boca na cabeça do carapau. Distraídos em chupar a cabeça dos peixes, aconteceu o inesperado: a indialhada, de cara pintada e pinto balançando, cercou os dois desprovidos portugueses. - Nooooooooooooooooooooossa, o que é isso João? - Não sei João, mas acho que estamos mortos, olha a cara deles! - Estou olhando João, não só a cara, mas o pintão deles também, acho que seremos comidos! Um abraçado no outro, João 2 tremia e João 1 rezava, e cada vez mais os índios fechavam o cerco, balançando os sacos e apontando suas flechas em cima dos dois... De repente um berro estranho saiu da mata: “innnnnnhó, inhó, inhó...” Esse berro fez com os índios se espalhassem pra tudo quanto foi lado; tinha índio trepado até em pé de imbaúba e brejaúba que é cheio de formiga pimenta e espinho. Foi à salvação dos irmãos Cabral. O jegue, atraído também pelo cheiro de carapau, vendo os amigos encurralados, encheu o peito e soltou aquele berro que os índios pensaram estar acabando o mundo. Foi uma coisa medonha! Imediatamente, João e João treparam no lombo do jegue, como meio de se resguardarem, pois perceberam que os silvícolas nunca tinham visto tão estranho animal. Ficaram ali por mais de três horas. De um lado os dois portugueses agarrados no lombo do jegue, e de outro, os índios que, ajoelhados, reverenciavam o estranho e poderoso animal. - João?! Temos que fazer alguma coisa. Aqui não podemos ficar! – ÉÉÉ João, irei conversar com os caras pintadas e pintudos! - Oi amigos, eu sou o João 2 Álvares Cabral, este é meu irmão João 1 Álvares Cabral e este outro é o meu jeguinho de estimação. Temos o prazer miserável em conhecê-los. Estamos aqui porque nos perdemos! Que lugar é esse? Onde estamos? Quem são vocês? Falava, perguntava, resmungava e ninguém respondia nada, pareciam pedras. De repente surgiu um senhor com o pinto de fora (aliás estavam todos com o pinto e bunda de fora, só usavam uma pintura vermelha no corpo). Era um índio de meia idade, de estatura alta, meio branquelão, de olhos grandes e arregalados e um inconfundível sorrisinho conquistador e simpático. Este homem então se achegou aos portugueses e sem tirar os olhos do jegue falou: - Sejam bem-vindos, o paraíso é aqui, futura capital do surf! E o índio, então, juntamente com mais sete às suas costas, se apresentou: - Eu sou o chefe desta tribo e meu nome é Dudubebe. Esses dois aqui: Cunhambebe e Julinhobebe são meus filhos e esses outros cinco: Maurimbebe, Bitembebe, Silvimbebe, Adilbebe e Ameribebe, são meus apadrinhados. Feitas as apresentações, o cacique pergunta: - E vocês quem são? - Somos os irmãos Cabral. Eu sou o João 2 e ele é o João 1! - E aquele outro ali, quem é? Perguntou o grande guerreiro sem tirar os olhos do jegue. - Aquele é o Charmozinho, meu jeguinho! Vendo que o grande cacique se apaixonou pelo animal, João 2 foi logo dizendo: - Esse jeguinho é meu bichinho de estimação. Não vendo, não troco e não dou!!! Ouvindo essas palavras, o grande cacique Dudubebe ficou louco da vida, fechou a cara e levantou a mão. Nisso a indialhada fechou o cerco novamente em cima dos portugueses. O jeguinho se preparou para encher o peito e soltar o seu temido berro, mas João 1 o acalmou. Os índios já estavam de pernas bambas. João então falou: - Calma! Somos de paz, não queremos guerra, vamos conversar!!! Surgiu aí uma possibilidade de negociação. Os ânimos se tranqüilizaram novamente. João 1, vendo que o irmão apaziguou a situação cochichou em seu ouvido: - João, você é burro? Como é que você fala um negócio desse para o cacique, diante dessa situação? - Calma João, o jegue é nossa segurança, vamos conversar!!! - Sr. Dudubebe, esse jegue é de estimação, foi presente de papai, mas se o senhor fizer questão, podemos negociar! O cacique se arreganhou todo de felicidade, deu aquele sorrisinho famoso, jogou o cabelo de lado; apertaram-se as mãos e ficaram amigos. Seguiram para a aldeia onde um banquete de baiacu assado os esperava. Ali se conheceram melhor, falaram de suas terras, de seus costumes, de suas vidas, enfim, trocaram as mais diversas e curiosas informações. O jegue tava com a costela que parecia uma harpa de tão magro, mas foi a atração na aldeia, pois nunca os índios tinham visto tão diferente animal. Na aldeia existiam também vários animais de estimação dos índios, tanto pássaros como animais silvestres, jamais vistos pelos portugueses. O grande cacique Dudubebe tinha dois animais de estimação: uma anta fêmea e um pássaro preto com pintinhas brancas e de papo vermelho, que voava da copa das árvores e pousava em seu ombro. Foi esse pássaro que chamou a atenção de João 2, devido a sua grande obediência. Era um jacu. (Nome muito estranho e no conceito dos portugueses, era um nome pornográfico, um verdadeiro palavrão.) De olho no jacu de Dudubebe, João 2 propôs uma troca com o grande cacique: - Sr. Dudubebe, eu lhe dou o meu jeguinho e o senhor me dá o seu jacu. Dudubebe que estava de costa catando cavaco, tinha entendido outra coisa, deu um pulo e ficou de frente para João 2, apontando-lhe o arco e flecha. - Calma seu Dudubebe, eu falei o jacu, esse seu passarinho aí! - Ah bom! Se fosse outra coisa eu te comia vivo! Entendido a proposta, Dudubebe arreganhou-se todo de alegria, pois o que ele mais queria era o jeguinho de João 2. - Te dou o meu jacu e ainda de lambuja, dou a seu irmão o gambá de estimação de minha avó! Negócio fechado, os dois amigos se abraçaram e mais do que nunca consolidaram suas amizades. Uma semana de convívio, comendo pirão de bagre e escardado de tatu, bebendo água da nascente e dormindo em cama de pau duro (tarimba de madeira), os irmãos Cabral engordaram uns dez quilos cada um. Tinham que voltar para a terra lusitana, e já não aguentavam mais de saudades das esposas, filhos e parentes. A despedida foi triste e não faltaram lágrimas. O único que estava contente era o jeguinho que já não aparecia mais a harpa da costela; o bicho estava gordinho de tanto capim melado que comera, e até arrumou uma namorada: a anta de Dudubebe. Um ventinho de leste estufou as velas da embarcação e a caravela então partiu levando muitas bananas, abricós, bacuparis, cambucás... e logicamente os tripulantes gêmeos João 1 e João 2, e ainda os passageiros: o jacu já conhecido e um gambá, bicho que os portugueses ainda não tinham visto, pois só foi entregue aos navegantes na hora da partida, dentro de um balaio bem fechado, e com uma recomendação de que só poderiam soltá-lo a bordo quando anoitecesse. Partiram... Na virada da Ponta Grossa do Farol ainda deram a última palavra: - Tchau, seus bebuns! Voltaremos em breve, porque o paraíso é aquiiiiii!!!
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