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COLUNISTA
Julinho Mendes
01/06/2009 - 07h00
Cadê os ossos da baleia?
 
 
(Versão 2009)
Julinho Mendes 

Era uma canoa velha feita de pau de guapuruvu, propriedade de seu Candido Mesquita. Estava eu no banco do meio, João de Souza na proa e o João Barreto, direcionando a canoa, sentava na popa. Saímos da praia da Fortaleza e fomos na Laje do Forno, na Ilha Anchieta, tentar pescar alguns sargos-de-beiço, com isca de lingüiça calabresa. Estávamos lá dando banho nas iscas de lingüiça quando, de repente, começou um ventinho quente e esquisito. João Barreto, mais que de pressa, recolheu a linha e puxou a poita.

- Isso é noroeste que não tardará a vir, vamos embora companheiros! - Falou João com ar de preocupação. Num desespero danado tentamos remar até a praia de Leste da ilha... Não teve jeito, o forte noroeste nos pegou com vontade e a solução foi deitarmos no fundo para que a canoa não virasse e deixamos que o forte vento nos levasse...

Três horas de vento, medo e tensão, fomos nos deparar com céu e mar, não se enxergava ilha e nem continente. Onde estávamos? O que fazer? Como voltar? Com toda sua experiência, João Barreto observou a posição do sol e o correr das nuvens e ordenou que remássemos a estibordo.

- Com sorte sairemos na praia de Boiçucanga, em São Sebastião! - Falou João.

Começamos então a remar incessantemente... Depois de três horas e meia, remando sem parar, aconteceu um terrível fato:

- João de Souza você esta mijado? - perguntei.

– Eu não, é a canoa que furou bem debaixo da minha bunda! - respondeu João todo molhado.

Aí fiquei apavorado. Num lugar daqueles, sem ver terra, rodeados de tubarões e a canoa enchendo d’água: “Estamos ferrados!”, pensei.

João Barreto, mais uma vez, com toda sua sabedoria com as coisas do mar, falou:

- Não se preocupem companheiros. Farei um outro furo na popa da canoa. A água que entra pela proa vai sair pela popa! - Assim fez João e assim nos salvamos até chegarmos numa laje que avistamos à nossa frente.

– Vamos parar naquela laje, para descansar e arrumar os furos da canoa! - falei, e os dois concordaram...

Chegamos na laje... Enquanto eu e João Barreto arrumávamos os furos da canoa, João de Souza fazia uma fogueira, com lenha tirada do banco da canoa, para assar as lingüiças que trouxera. A fogueira ficou pronta e as lingüiças começavam a assar. Aí, passamos por um grande susto... De repente, com a quentura da fogueira, a “laje” se mexeu e num grande golpe nos jogou dentro da canoa e voou lingüiça pra todo lado. (Foi à sorte!)

- Rema, rema, rema! ISSO NÃO É UMA LAJE, É UMA BALEIA! - falou João Barreto, num desespero que dava medo. Para complicar a situação a corda da poita enroscou na barbatana da bicha que nos arrastou. A canoa virou uma poderosa lancha de 750 HP... Em meia hora estávamos em frente à praia dos “Marbelucos” ou praia “25 de março”, a saudosa praia Grande de Ubatuba.

Infelizmente a baleia morreu, não sabemos se foi de susto, infarto, ou porque engoliu a lingüiça do João.

Daí para frente todo mundo sabe do trabalho que a infeliz baleia deu para a população de Ubatuba no ano de 2000. Ela “descansou” enterrada na rua marginal da praia Grande durante nove anos e, há pouco tempo, desenterraram a bicha, ou seja, tiraram seu esqueleto do local, mas até agora não se sabe o paradeiro dos restos mortais da baleia. Dizem que metade da ossada foi para o Japão e a outra metade foi quebrada em pedacinhos para servir de afiador de bico de curió e de canário belga. Dizem que, só o Donizete “Sapateiro” encomendou 50 kg de ossos da tal baleia para afiar os bicos de seus curiós!

Será que “Dudu Gallo” conseguirá reinaugurar a praça Dr. Alberto Santos, que já foi Alberto Santos Dumont, com o esqueleto da baleia catarina, antes do fim de seu mandato?

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