A grande maioria das pessoas deve conhecer Midas como um rei que transformava em ouro tudo o que ele tocasse. Por ter cuidado de Sileno, Baco, como agradecimento, ofereceu a Midas o direito de escolha de sua recompensa. Midas escolheu transformar em ouro tudo o que por ele fosse tocado. Apesar de não ter considerado boa, a escolha de Midas, o pedido se concretizou. Obviamente a escolha de Midas foi extremamente inapropriada e ele percebeu que acabaria morrendo de inanição pois comida, água, vinho, plantas, enfim, tudo se transformava em ouro. Midas implorou a Baco que tal poder fosse retirado e assim foi feito. Em Ubatuba temos vários Midas que pediram a Deus, a Belzebu ou escreveram para o programa “Porta da Esperança” e obtiveram, com a anuência dos cidadãos, o dom de ter poder. Pelas ruas, pelas estradas (utilizando-se de veículos pagos pela população), pelos jornais e pelas rádios, o poder dos mesmos é reconhecido. Tal qual Midas da mitologia grega, os de Ubatuba também perceberam que o objeto de desejo era, na realidade, um grande fardo. Pedir para ter poder sem pedir para ter competência nada adianta. Da mesma forma que o ouro o poder somente possui valor pelo fato de existir em pequena quantidade e para poucas pessoas. A utilização em excesso do ouro diminui o seu valor e a tentativa de ostentar o “seu” poder também faz com que o mesmo se torne cada vez menor. Diferentemente da mitologia grega em que somente Baco poderia retirar o dom solicitado, nos tempos atuais temos o Ministério Público, a Justiça e em último caso a própria população nas próximas eleições.
Nota do Editor: Marcos de Barros Leopoldo Guerra, natural de São Paulo - SP, morador de Ubatuba desde 2001, é empresário na área de consultoria tributária.
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