(Coisa pra português nenhum botar defeito)
Julinho Mendes | |
Dois turistas portugueses, surfistas, no paraíso - Capital do surfe... - Manoel, é pra cá ou pra lá? - Eu acho que é pra cá Joaquim! - Então vamos. - Espera aí, acho que é pra lá! - Mas Manoel, você não está olhando no roteiro? - Estou Joaquim, mas o que eu não estou vendo são as indicações no local! - Será que estamos perdidos, Manoel? – Aiaiaia ,raios! Quero minha mãe! - Caaaaalma, Joaquim. Como perdidos rapaz, numa estrada como essa? - Vamos andando porque que tem boca vai ao Itamambuca! Andaram mais um quilômetro e encontraram um pequeno trevo. - Acho que é aqui Joaquim. - Será Manoel? - Espera aí estou vendo lá, uma placa. Vamos ver as orientações e informações daquela placa, lá deverá constar tudo sobre onde estamos. Andaram mais uns trezentos metros e chegaram na “linda” placa, à beira do asfalto, que informava: “Morro do Tiagão”. - Não tá vendo, Manoel? “Morro do Tiagão”, olha aí no mapa! - Aqui não mostra nada sobre o Morro do Tiagão, Joaquim! - Olha direito. Manoel. Esse Tiagão deve ser algum personagem histórico de Ubatuba. – Não tem nada, Joaquim. Aqui no mapa fala Praia do Itamambuca. - Mas onde é isso? - Não sei, as placas que encontramos até agora falam: “Morro do Tiagão” e “Vila Indaiá”. - Vamos pra frente então, quem sabe Deus e Nossa Senhora do Rosário nos ajudam encontrar. Andaram mais uns quinhentos metros e encontraram um jovem caiçara de bicicleta na BR-101. - Ó gajo, onde fica o Itamambuca? O caiçara todo contente em conhecer um turista estrangeiro, respondeu: - O Itamambuca já passou, fica antes da placa do Morro do Tiagão! - Falei, Manoel. Esse Tiagão é famoso. Era lá perto?! - Obrigado gajo! - E agora Manoel? Já passamos. Vamos voltar de ré ou vamos pra frente? - Veja aí no mapa outra praia de surfe. - Tem aqui uma tal de Félix. – Heeeei gaaaaajo, volte aquiiii. O garoto voltou. - O que foi amigos? - Onde fica esse tal de Félix? - Fica mais adiante, perto do belvedere que deixou de ser belvedere, porque colocaram lá uns tambores pintados de amarelo e preto proibindo a entrada, pois aquilo lá tá um bagaço e serve para entulho de carros com problemas documentais! Vocês vão andando, quando avistarem os tambores entrem à direita! Tá bom, amigos? - Obrigado, gajo! Seguiram e logo na frente avistaram o posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, no qual dois guardas faziam uma blitz. Preocupados com os guardas passaram despercebidos pelos tambores que sucediam a entrada à praia do Félix... - E agora Manoel, estamos sem capacete? - Não tem problema Joaquim, aqui no Brasil não se usa capacete dentro de automóvel! – Ah é, Manoel, que beleza?! - Éééé Joaquim, aqui é o paraíso! O guarda deu o sinal de parar... Pararam... Averiguados e liberados... Na saída perguntaram: - Seu guarda, onde fica o Félix? - Vocês já passaram, fica depois da placa do Morro do Tiagão e antes dos tambores que interditam a entrada do belvedere! - Respondeu o guarda com toda gentileza. - Tá vendo, Manoel! Esse Tiagão não é fraco não! - E agora seu guarda, como fazemos para voltar? Podemos voltar de ré? - É claro que não. Vocês terão que andar uns três quilômetros e fazer o retorno no trevinho do Prumirim. Prestem bastante atenção que lá tem uma placa escondida no meio do mato. - Mas seu guarda, não tem outra praia que possamos surfar? - Tem sim, tem a linda praia Brava do Camburi. Fica a uns trinta quilômetros. Vocês vão andando, vão andando, a hora que encontrarem uma fila de carro na beira do asfalto, é lá! - Aaah, é lá?! - Muito obrigado seu guarda, estamos loucos para trepar numa onda, vamos conhecer essa tal praia Brava do Camburi!!! Seguiram viagem procurando pela fila de carros na beira do asfalto... - O que é fila Manoel? - Não sei, Joaquim. Acho que o guarda falou feira. Deve ser uma feira de vendas de carros! - Aaah bom! - Pisa fundo Manoel que estou louco pra trepar numa onda. O guarda rodoviário não estava preparado para receber o turista português pois, em vez de falar fila, ele tinha que falar bicha. “BICHA DE CARROS”. Aí sim, os surfistas portugueses encontrariam o local explicado pelo guarda: a linda, paradisíaca e surfável praia Brava do Camburi. Os turistas, surfistas portugueses, não tendo encontrado qualquer placa, ou monumento que informasse e que indicasse a praia Brava, e, perguntando às pessoas que encontravam sobre a tal feira de carros, foram parar na feira de barganha de carros usados na cidade de Paraty. Coitados! Éééééé! Acho que não sei! Mas deveríamos ter nas entradas das nossas praias, à beira das rodovias, umas placas mais bem elaboradas ou algum monumento fazendo jus aos títulos PARAÍSO E CAPITAL DO SURFE; informando, em diversos idiomas, o nome da localidade, a distância até o centro da cidade, o tipo de praia/mar, o esporte praticável, as pousadas ali existentes, a culinária... enfim, o paraíso é aqui? Pois é! Escrevi essa crônica em 04/2002, e pelas reclamações de munícipes e turistas a coisa continua na mesma, ou seja, projetos para dar embelezamento e informações aos visitantes nas entradas de nossas praias, passa longe da cabeça de nossos gestores municipais. No belvedere acima citado, recentemente, ao lado da 2ª, plantei a 3ª árvore, que me foi doada pelo prof. Cursino. O local das árvores plantadas foi estrategicamente estudado e em nada tirará a belíssima visão que se tem daquela baía.
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