Julinho Mendes | |
Depois de muito tempo, mas muito tempo mesmo, achei uma “tralha” de um dos nossos verdadeiros maracujás. Tem o roxo mais graúdo e o roxo peludinho menorzinho. Este da imagem é o roxo mais graúdo, ainda verdolengos. Tanto um como outro é coisa cara hoje em dia. No meu tempo de criança, e as pessoas de minha geração podem confirmar isso, o tal maracujazinho era mato. Literalmente. Encontrava-os em qualquer capão de mato, terreno baldio, entrelaçados em espinheiros, moita de capim-melado, enfim, a criançada se acabava no delicioso fruto caiçara. Por que será que hoje é tão raro esse nosso maracujá? A conclusão que eu e Luiz Moura chegamos é meramente simples: tinha muito mato e pouco banheiro. Numa brincadeira, numa caçada com estilingue, num pique-será em um matagal, num campinho de futebol de beira de mato, a criançada comia o maracujá e, “no aperto da barrida”, corria para o mato e... “espalhava” as sementes do marajá. Que nem os passarinhos fazem na floresta. Dali pra diante a natureza se encarregava de proliferar a tão gostosa espécie frutífera. O seu sabor é peculiar, doce como mel, quanto mais se come, mais dá vontade de comer. Acredito até que seja fruto afrodisíaco. Que beleza! Uma outra razão de já não existir em abundância, é o fato de sua polpa ser protegida por uma grossa casca, não permitindo assim que os passarinhos as furem, comam suas sementes e as espalhem por aí também. Caro amigo leitor d’O Guaruçá, como estou na campanha das 1000 árvores e vivemos um momento de merda transbordando nas ruas e praias, sabem o que vou fazer nesses vinte, trinta dias? Vou cagar no mato! Assim, ajudo a despoluir nossas praias e planto umas quinhentas mudas do “Passiflora edulis Sims”, maracujá do roxinho, fruto dos deuses. Desculpem-me o palavreado chulo, mas de tanto ouvir as pessoas reclamando de esgoto e merda vazando em nossas ruas e em nossas praias, na próxima crônica, faremos o “Mutirão da merda”. Aguardem!
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