As pessoas não sabem, mas eu digo que temos aqui em Ubatuba uma grande laje de ouro, um grande poço de petróleo, e até muito mais do que isso. No final da década de 50, não sei se por acaso, apareceu em Ubatuba um homem que enxergou aqui uma das maiores riquezas do Brasil; riqueza essa que para o nativo caiçara era coisa costumeira e sem valor. Foi a mesma coisa quando os portugueses viram no pau-brasil uma riqueza imensa, coisa que para os índios era apenas uma árvore. Os portugueses viram a riqueza numa árvore, Ciccillo Matarazzo percebeu-a em nossas águas e praias. Hoje, após 508 e há 50 anos, continuamos na mesma cegueira, na mesma ingenuidade dos índios no descobrimento do Brasil. A que se deve essa cegueira diante de resultados e experiências de cidades vizinhas, diante de toda informação tecnológica, diante de escolas e universidades que anualmente despejam no mercado profissionais com formação e especialização em transformar tudo o que temos em ouro? Dia 4 de outubro foi o Dia Municipal do tangará-dançador, pássaro símbolo de Ubatuba. Estive presente na abertura do III Festival de Aves de Ubatuba, na qual recebi uma homenagem, homenagem esta que divido com minha mulher Maria Helena, minha filha Bruna, com Carlos Rizzo, com todos os amigos do Museu Caiçara, com os componentes do grupo O Guaruçá, com os gerentes e proprietários do Ubatuba Palace Hotel, com os artistas que participam do evento, com a rádio Costa Azul que incessantemente divulgou e ainda com o editor-chefe do www.ubaweb.com (Luiz Moura), que também divulgou o evento. - Julinho, você não vai dividir essa homenagem e parabenizar nossa municipalidade (gestores de turismo e de cultura)? Eu mesmo pergunto e eu mesmo respondo: - Vou sim. Só depois. Quem sabe, ano que vem, se esses agentes fazerem acontecer, aqui em Ubatuba, um Encontro Mundial de Observadores de Pássaros e, em nossas ruas e praças apresentarem alegorias gigantes de pássaros, alto-falantes com cantos de pássaros, oficinas, palestras, exposições... Aí sim, darei meus parabéns! Está aí, ao nosso grande diamante, que Carlos Rizzo insistentemente lustra, falta o trabalho de lapidação por parte de nossos gestores de turismo. Será que nossa municipalidade tem visão pra isso? Não bobeiem, porque senão nossos vizinhos irão enxergar os tangarás, os surucuás, as arapongas... e nós ficaremos olhando apenas caga-sebos e vira-bostas. Todo o tesouro que falei no começo é composto por nossos pássaros, nossa Mata Atlântica, nosso mar, nossas lendas, nosso folclore, nossos artistas, nossa cultura. Se deixarem de fazer política para se reelegerem, se deixarem de colocar em cargos de importância vital para a cidade apadrinhados políticos, se realmente tiverem vontade de lapidarem esse tesouro, Ubatuba vai crescer e todo mundo vai ter uma vida melhor. “Se o vôo do passado foi mais lento, o do futuro ninguém pode alcançar, mas não podemos voar em asas de borboleta.” - O mundo voa, Julinho Mendes.
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