Este questionamento foi feito pelo Julinho Mendes, convidando a todos para um debate, no que me disponho a faze-lo. Sua pergunta é mais completa: “A reeleição, em Ubatuba, é boa para quem?” Procuro dar um cunho genérico para ampliar o debate, mesmo porque ficar falando só de Ubatuba acho um tanto quanto de bairrismo quando temos todo um país para discutir o relacionamento humano e principalmente político do momento atual. A reeleição foi criada por uma emenda constitucional, quando a sociedade entendeu que estava ficando no último vagão da história ao não se dar a oportunidade de conceder ao seu mandatário mais um período de seu governo, certamente se as coisas estão indo bem. Assim funciona nos principais países do mundo onde impera a democracia. Por que não adotar aqui também? Certamente ainda engatinhamos no processo, mesmo porque uma democracia não se faz de um dia para o outro. Vivemos no momento um processo em formação, onde a reeleição nem sempre significa um crédito para o mandatário repetir sua boa administração trazida até aqui. Outros fatores entram em jogo, como o aproveitamento da máquina política que administra, a garantia dos que estão encabidados na administração, a influência de seu nome perante os formadores de opinião e, principalmente, a corrupção, ainda dominando em larga escala o meio social e político de nosso país. A corrupção leva nossos homens públicos, por mais santos que queiram ser, a uma situação insustentável perante seus pares, obrigando-os a adotar métodos considerados repugnantes em qualquer sociedade que não seja a nossa tupiniquim. De qualquer forma, a reeleição deverá um dia atingir o objetivo a que se destina. Deverá servir para reconduzir o administrador por mais um mandato para que possa continuar sua administração dentro do rumo a que se dispôs quando eleito pela primeira vez. Deverá ser reeleito por um povo consciente de que estará escolhendo o melhor, independentemente de favores e benesses que recebeu ou irá receber em troca de seu voto. Esse processo demora? Certamente demorará, mas tenham certeza que um dia chegará. Enquanto isso, vamos convivendo com os abusos do dinheiro público, principalmente nas campanhas de reeleição. Por enquanto faz parte do jogo. Jogo sujo, mas não deixa de ser um jogo.
Nota do Editor: Herbert José de Luna Marques [1939 - 2013], advogado militante em Ubatuba, SP.
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