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COLUNISTA
Julinho Mendes
06/08/2008 - 06h12
Eleições 2008: precauções de um caiçara
 
 

Em tão pouco tempo de campanha eleitoral já ando arriado, com a coluna “fora de prumo”, clavícula caída e com calos nas mãos de tanto levar tapinhas nos ombros e de tanto apertar mão de candidato às eleições. Faltam ainda dois meses e não sei se vou agüentar.

Diante do batalhão de candidatos que ainda virão e retornarão, tenho que ser forte, tomar bastante “biotônico”, fazer academia de musculação e principalmente procurar um urologista. Não tem problema! Gasto e faço o que for preciso para me preparar, afinal estamos em plena festa democrática e é muito importante exercer a cidadania. Receber um candidato, dar-lhe atenção, conhecer seus pensamentos e metas de trabalho para com a cidade é a melhor coisa que podemos fazer. É por isso que tenho que me preparar, na tentativa de chegar são e salvo até a urna e depositar o meu valioso votinho.

As precauções que já venho fazendo são as seguintes: academia de musculação e aeróbica para agüentar, fisicamente, os trancos, mas mesmo assim encomendei terno, em um funileiro, com ombreiras de aço para que os tapinhas nas costas não me causem lesões. Pensando nas “encheções” que vou ter, também já estou com consulta marcada em um médico urologista que me orientará nos exercícios de alongamento em meu saquinho. E para as mãos já mandei buscar, lá no Planalto Central, em Brasília, luvas especiais. Elas, aliás, são fabricadas por um químico borracheiro português que depois de perder dois dedos da mão direita e três da mão esquerda, de tanto apertar mãos de candidatos, inventou luvas especiais para prevenção, as quais são apresentadas em dois modelos. Tem o modelo para apertar mãos de candidatos da oposição e o modelo para apertar mãos de candidatos da situação (chegados de prefeitos). O modelo oposição é mais barato, porém é apenas anti-calos e antibacteriano. Já o modelo situação é muito mais caro, pois além de ser anti-calos e antibacteriano, trás um produto importado de Portugal chamado “saipentelho”. Fui obrigado a comprar um par de cada modelo. Prevenido, vou andar com os dois pares de luvas em meu embornal: quando se aproximar o candidato da oposição, calço as “luvas oposição”; quando me vier um candidato da situação, calço as “luvas situação” contendo o produto “saipentelho”. Esta precaução é porque dentre os candidatos da situação poderão me aparecer alguns que, nesses quatro anos de mandato, viveram puxando sacos e, certamente, ao apertarem as minhas mãos deixarão fios e cheiros dos ditos-cujos. Já pensou, eu com fios e cheiros dos ditos-cujos nas mãos? Mas com as luvas situação, envernizadas com o produto português “saipentelho”, não correrei riscos e preservarei os meus dez dedinhos das mãos.

Diz a lenda que um indivíduo, agora candidato, numa reunião de secretários e assessores, ao precisar sair no meio do encontro assim falou: - Meu querido e generoso senhor prefeito, preciso ir ao mictório, caso o senhor dê um espirro, desde já te desejo saúde! Saúde, prefeito! - E saiu. Cá pra nós, esse aí, de tanto puxar, nem as digitais dos dedos tem mais. Como é que vou apertar as mãos desse candidato se eu não estiver usando as “luvas situação (saipentelho)”?

Falando mais sério agora: senhores (as) candidatos (as), vão até o povo (e venham a mim também)! Apertando nossas mãos, dando-nos tapinhas nos ombros, “olhos nos olhos” é que sentiremos de perto a seriedade, a honestidade, a responsabilidade de cada um de vocês e conheceremos suas propostas para os cargos que almejam. Desse modo, certamente, nosso voto será dado com consciência.

Dizem que o povo não sabe votar. Sabe sim! O que acontece é que o dinheiro fala mais alto e muitos dos candidatos, depois de eleitos, se “esquecem” das promessas que fizeram para o bem estar comum. Se vendem e vendem também o município.

Abraços, boa sorte e felicidades a todos os candidatos. Viva a democracia!

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