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COLUNISTA
Julinho Mendes
29/07/2008 - 12h05
Cio dos candidatos
 
 

É como se uma fêmea começasse a exalar o seu cheiro para atrair, dos mais diversos e longínquos lugares, seus machos, para alguns dias e algumas noites de amor. Amor para preservação e manutenção da espécie. Amor que, para a fêmea que oferece, prazeroso sem dúvidas, mas muito sofrido, sacrificado. Sofrido também para o macho, que de seu habitat tranqüilo e costumeiro, passa a ser também de sacrifício e disputa, tudo para conseguir o troféu maior: o ato sexual. Tudo em função da perpetuação da espécie. Tudo coisa da natureza que Deus criou.

São assim também as cidades em épocas de eleições, com cios que acontecem de quatro em quatro anos e que duram aproximadamente três meses. Suas fêmeas (Prefeituras e Câmaras Municipais) exalam o cheiro do poder e do dinheiro. Seus machos (os candidatos), atraídos por esse odor, enlouquecem em disputa de tão almejado troféu. Esse cio transforma cidadãos. O “bicho” começa delirando ao pensar no poder e no dinheiro, abandona o lar e larga sua família, passa a andar em bando, vira santinho, faz promessa, fala mentira, xinga, bufa, briga e no final volta para casa acabadinho, magro, endividado, com olheiras e com ar de profunda anemia. São muitos por uma fêmea, são muitos querendo o seu amor, o seu amparo, o seu poder, o seu dinheiro fácil. Não há riscos estar no prazer desse cio político, haverá talvez, decepções, desilusões, surtos psicóticos. Passado o cio tudo volta ao normal. Ao vencedor vida fácil, ao perdedor o consolo de esperar mais quatro longos anos e tentar novamente. Se for astuto, um bom papo de aconchavo, junto ao vencedor, fica resolvido os problemas deixados pelo cio. Vida fácil também terá. É tudo em função da perpetuação da espécie. Tudo coisa da natureza que o poder criou. Tudo as custas do trabalho suado do povo.

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